terça-feira, 13 de outubro de 2015

Dia Nacional do Fanzine

O primeiro fanzine feito em território tupiniquim é de 1965. O artista plástico, caricaturista e chargista piracicabano Edson Rontani foi o responsável pelo feito. Dessa data en diante vários caras por n motivos publicaram seus fanzines. Viciaram-se com os cheiros da cola, revistas velhas e xerox.
Para a data não passar em branco e em apoio ao dia nacional do fanzine, o Âncora (zine e blog) pediu licença aos donos do bar O Hierofante para reunir fanzineiros, amantes dessa arte e jovens que agora passam a conhecer e fazer fanzines e comemorar seus 50 anos no Brasil.
O evento contou com exposição de fanzines, o primeiro capítulo do doc. Fanzineiros do século passado e um bate papo com os fanzineiros, Arnaldo Junior (possivelmente responsável pelo lançamento do primeiro fanzine de hqs em Ribeirão Preto no ano de 1981), Ângelo Davanço (editor de A Falecida que surgiu em 1991 parou em 1996, mas voltou em 2013 e promete um novo número em 2016) Arnaldo Neto ( filho de Arnaldo Junior e que traz em seu DNA a paixão pelos quadrinhos e o fanzine) e João Francisco Aguiar (eu, Jofra) que conheceu os zines em1996, participou de muitas das mais ou menos 30 publicações do fanzine Sindicato do Rock e edita o Âncora Zine (que também é blog) ao lado de Leandro Rosa Felix e Murilo de Paula desde os tempos da faculdade (2003) com pequenos e grandes intervalos, é claro, já que os fanzines não precisam seguir uma periodicidade, mas é sempre bom poder reunir os amigos e colar, recortar, escrever e distribuir fanzines pelo correio e nos eventos.

Para encerrar o encontro, rolaram as bandas Ìndios Urbanos, Produto Fecal e Insonia que mantiveram todos no pogo. Destaco o couver de Os Replicantes tocado pela banda Produto Fecal, o hino, Quero uma festa punk. Impossível de ficar parado.

E tome zine, zine, zine em papel xerox por mais 50 anos


                 João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Mulher

Nem anjo nem demônio, nem santa nem pecadora, nem recatada nem dada, nem feminista nem machista, nem menina nem mulher. Negava os estereótipos. Rótulos eram obrigatórios aos produtos. Ela não tinha preço. Tinha valor. E valor não tem preço. Se não tem preço, não é produto, se não é produto não precisa dos rótulos. Era mais! Não havia definição em que coubesse, porque se permitia ser revolução e paz. E a cada momento onde uma tese sobre si era concluída, ela imediatamente era outra. Desconstruía teorias com a mesma facilidade que ajudava a elaborá-las. Pra que viver presa em limites que te castram para que caiba. Que te cortam pedaços para ajustar. Era livre, e nem o emprego das 9 as 18, o aluguel, as contas que chegavam todo dia 5, suas obrigações e condicionamentos sociais, aos quais estava subjugada, não por força, mas pela plena consciência de que era assim o certo, e mais do que isso era fruto de suas escolhas, as acertadas e as erradas. Não se escondia atrás do destino. Destino é o nome que se dá ao que não quer assumir. O destino não é uma força isolada. Destino pra ela é construção. Destino é o fim dos meios que te fizeram. Ela levantou, tomou um banho de 4 minutos, um café com açúcar, não precisava se preocupar com as malditas calorias que faziam da vida das mulheres um inferno. E nem se tivesse q se preocupar se preocuparia. Calçou os tênis, a calça jeans justa e desbotada. Camiseta preta com estampa do álbum Physical Graffiti, (amava aquela capa). Pegou suas chaves e foi. Era mais um dia, os pessimistas diriam ser menos um. Mas ela os considerava incompetentes e mesmo que fingisse otimismo era assim que se posicionava. Sorrindo. Porque era o mais útil a fazer. Deixava a depressão pra hora q estivesse de frente com a garrafa de Jack enrolando seu baseado, naquele momento onde colocava pra conversar ,Kafka, Freud , Kerouac, Bukowski, Dostoiévski entre outros tantos, que trouxeram tintas pra pintar aquela criatura, que realmente ela não precisava externar. Seus amigos de viagem. Afinal era humana, e, era mais do que isso, era mulher.

Ellen Matos, 31 anos Formada em comunicação social com habilitação em Jornalismo, pela UFMG, pós graduada em Designer de Produto e Doutorado em Mídia e MKT Publicitário. Escritora e poetiza nas horas vagas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A morte do dia

O cair da tarde sempre encantou Horácio de uma maneira estranha. Para ele essa hora do dia possuía um silêncio diferente. Era o dia debruçando-se sobre si mesmo. Refletindo suas angústias. O por do sol avermelhava as nuvens, árvores, prédios, pássaros e também o seu cansaço. A maioria só enxergava a beleza do crepúsculo, mas Horácio enxergava incertezas nos fins de tarde. Em especial nos de sábado que simbolizavam o fim de uma semana. O fechamento de um ciclo. Lembrava-se nesses dias de            quando tinha dez anos,  das manhãs que passou nas missas de domingo que assistia na companhia de seu avô e das aulas de catecismo com a professora Aline e seus lindos seios gigantes e firmes acomodados nas blusas quase sempre claras que usava, deixando   transparecer o sutiã.  Não era a toa que seu horário de aulas era sempre o mais disputado pelos garotos de sua idade. Tanto ela como o padre  sempre se referiam aos sábados como o dia em que deus havia descansado após ter criado o mundo.  Era sempre confuso lembrar-se disso.  Se deus havia criado o mundo, deve ter refletido após terminá-lo.  Assim como reflete o escultor, o poeta o carpinteiro após terminar seu trabalho. Não há descanso para quem cria. Pensou isso enquanto acendia mais um cigarro e levantava-se para ir até a geladeira pegar mais uma cerveja. Refletir é sempre um sofrimento. Refletir não muda as coisas. O que foi feito está feito, mas a gente insiste em reviver aquilo que não deu certo.  Os amores que se foram. As chances perdidas. A felicidade que não veio. Pensamentos não mudam a realidade só a torna mais insuportável. Pensar era uma herança de deus ou de quem o inventou.  A morte nessas tardes sempre lhe pareceu a única redenção possível.







João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Na Cama..



Da trama...
Tem o lençol... Que forra a cama... Que molha... Que não nos cobre... Não encobrem nossos suores, nossos gozos... Temos a pele... Um do outro... Que é sempre quente... Uma febre... Febre do gato é pulo... Febre de fêmea é rola... Então desenrola... Tira tudo... Quero só a pele... A pele do sexo, tudo pelando, todo pelado, tudo podendo, tudo fodendo... O que nos respira...
Também transpira... Poros... Que se mesclam com teus jorros... Esporros... O cheiro é bom... É gozo... O gosto é forte... Constante e gostoso... A pele é toda toques...  A gente é todo bicho... A cama é toda pouca... A louca é fêmea solta... A voz é grito rouco... Se vem gemidos... Me põem em brasa... Rebolando o fogo apaga... No rebolar de novo... Tudo nos cresce... A mão me apetece... A boca é toda língua... A língua é tudo isso... Que me ganha toda... Eu toda... Sou tudo sexo... Todo sexo... É todo amor... Todo amor...                                  

Com sexo...  Está completo...



Patricia Piassa “Pimenta”nasceu em 31 de outubro de 1973, no estado de São Paulo, professora de língua portuguesa e apaixonada pela vida. Em agosto de 2013, iniciou seu caminho na escrita com textos que ela chamava de desabafos em prosa.    Seus textos eram escritos na fan page Poesias da Pah do Facebook, conheceu vários poetas através de grupos de poesias, começou a escrever poesias que eram criticadas por serem eróticas, após muitas perseguições e bloqueios, optou por uma linguagem mais aberta e por escrever seu primeiro livro                                                                                                                                

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Lembranças

lembro das luzes ao longe, iluminando o subir do morro
e daquela casa que ficava depois da última luz
onde a eletricidade ainda não tinha chegado
do esgoto a céu aberto que o menino sempre pulava
para jogar bola no campinho esburacado

e do choro de Dona Berenice
quando viu o filho tombar
ao ser atingido por uma bala de não sei qual calibre
e quando o sobrinho apanhou na delegacia
falaram que confundiram com traficante

das casas empilhadas umas sobre as outras
barracos sobre barracos
moradias sobre moradias
morando pessoas espremidas, gente sofrida
mordida por misérias, fomes e apatias

lembro também dos barulhos de tiros
ouvidos na hora da novela
dos apartamentos
que assistem de bem longe
se convencendo que não tem nada com a vida dos mortos


Fabio da Silva Barbosa é jornalista, escritor, zineiro e educador social. Natural de Niterói, Rio de Janeiro, criou e realizou projetos como o Comunidade Editorial (junto com o sempre irmão Luiz Henrique) e o Impresso das Comunidades (com o companheiro de infância Alexandre Mendes). Começou a escrever na adolescência, quando a delinquência e o caos social eram suas principais influências. Nessa época, iniciou o trabalho com zines, hábito que ainda cultiva. Lançou com dois amigos (Alexandre Mendes e Winter Bastos) o livro UM ANO DE BERRO, pela Editora Independente, de Brasília. Posteriormente vieram os PDFS A SAGA DO JORNALISMO LIVRE e QUEM SOMOS NÓS?, entre outros que circulam livremente pela internet. Convidado por Victor Durão, entrou para o programa de rádio Hora Macabra, especializado em som underground. Com Eduardo Marinho realizou experiências como o Vídeo Garagem e o zine Pençá. Em 2013 lançou o livro ESCRITOS MALDITOS DE UMA REALIDADE INSANA, pela Lamparina Luminosa, de São Paulo, e em 2014 foi a vez do livro REBOCO CAÍDO - REFLEXOS E REFLEXÕES, pela Coisa Edições, Porto Alegre. Criou o evento TARDE MULTICULTURAL SEM FRONTEIRAS, onde reuniu apresentações artísticas, palestras, exposições, música, poesia e tudo que conseguisse encontrar pelo caminho. Contribui para diversos veículos impressos e via internet, além de manter a todo vapor o zine REBOCO CAÍDO. Além de outras coisas mais



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Boca Quente

Abaixou-se lentamente e começou a chupá-lo
Aquela boca quente o fazia delirar, 
Olhando com seus olhos de menininha, 
Não queria mais parar, 
Pede para que ele faça o mesmo, 
Então deita-se e devagar se abre para que ele possa senti-la.
Ela torce, se retorce e grita, 
Pede para que enfie, 
Pois quer ser comida, 
Naquela sala ouviam-se apenas gritos e gemidos, 
Eles só sentiam seus corpos colados e suados,
Eram dois corpos em um só, 
A menina não quer mais parar,
Ela só quer gozar e gozar.




Juliana, Paulistana , 27 anos.
Estudante de letras.Apaixonada pela vida, arte e poesia.
Liberdade de expressão e respeito ao próximo...
Esse é meu lema de vida.



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Traço e Linha



Eu nasci com milhões  
De entrelinhas
Finas linhas
Mal traçadas
Não sei ler.

Eu nasci com milhões
De entre laços
Traço traços
Traço formas
Pra viver.


Traçaria entre laços
Nessas linhas
Linhas turvas
Linhas tortas
Vou romper.

Desalinho mal traçados
Sigo traços
Entre abraços
Descontínuo
Meu sofrer.



Meu nome é Ádila J. P. Cabral - Nasci em Belém-Pa.  Mas cresci em uma cidade pequena do interior chamada São Domingos do Capim-pa.  Sou professora, formada em pedagogia/especialista em psicopedagogia.
Desde que me entendo por gente eu gosto de ler e li de tudo. Devorava livros e não demorou encontrar a poesia de Castro Alves, Florbela Espanca, e outros. E desse gosto pela leitura surgiu o desejo de escrever.
A cidadezinha de interior cercada pela mata, rios e igarapés. Imersas em suas próprias lendas, nascida do imaginário popular, deu campo a uma imaginação extremamente fértil. Sempre apaixonada por essa natureza amazônica. Essa força deslumbrante que rege a vida do amazonida, do ribeirinho. Um universo próspero e misterioso me fez criar um mundo fantástico. Tinha pra mim que minha casa estava entre fadas e duendes perto de algum grande mistério. E fazia de cada momento um grande acontecimento. Eu sou uma imaginadora que se fez escritora.
Minha poesia não reflete apenas sentimentos meus. Mas os das outras pessoas. Pelas observações que faço. Situações que me são muito incômodas, que me afligem e que não posso intervir ou modificar. Mas que me atingem profundamente e me trazem angústias. A poesia é um alívio e um canal para dar vazão.