segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Oficina “O dizer profundo na arte do papel xerox” no SENAC de Jaboticabal



Quando participei pela primeira vez de um fanzine tinha 16 anos, não imaginava que a minha relação com a arte do papel xerox  fosse durar  tanto tempo já que hoje, somo 34 primaveras.  Jamais pensei que um dia seria convidado a falar sobre os zines que já fiz, e que ficaria na mira de vários olhos juvenis e curiosos por saber os procedimentos para tal criação. Tais coisas ocorreram no dia 20 de novembro, no SENAC de Jaboticabal.
Cheguei a Jaboticabal com certa antecedência. Tempo necessário para dar uma volta pela cidade. Conhecer a praça central, esticar em um banco e tomar uma cerveja. A oficina estava marcada para as 14h00. Fui recebido por  Elber Corrêa que me apresentou para o resto da equipe na biblioteca onde seria a oficina.
Dado o horário, passados talvez alguns minutinhos, chegaram os alunos acompanhados de sua professora e iniciamos a oficina.  Os jovens espalharam-se pela biblioteca e olhavam curiosos para os fanzines que deixei sobre duas mesas. Após me apresentar e falar um pouco sobre a história dos fanzineiros no Brasil e no Mundo, deixei-os revirar os zines e entrar em contato direto com os papéis xerocados e dobrados, alguns já amarelados pelo tempo.
Depois exibi um vídeo com fotos da criação de um dos fanzines do âncora, na casa de um dos editores, Leandro, que infelizmente não pôde comparecer ao SENAC nesse dia. Fotos que mostravam todo ambiente de  criação de um fanzine. Após conversamos mais ainda sobre o tema e tirar dúvidas de alguns e descobrir os talentos entre a turma, seja no desenho, colagens, contos, crônicas e poesia, iniciamos a bagunça organizada em que cada um passou a viver sua criatividade. Enquanto um recortava, outro escrevia, e dois discutiam e outro colava.
E assim se foi mais uma oficina do Âncora. Valeu Elber, Leonardo e todos do SENAC. Obrigado pelo espaço. Saudades dessa garotada esperta. 





 João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Festival Garrafão Underground


por: Lana Paiva
O FGU foi o primeiro festival promovido pelo movimento Garrafão. Foram 16 bandas divididas em três dias de festival. O primeiro dia de fest foi ao dia 26 de outubro, sexta-feira e contou com a presença das bandas de Ribeirão Preto, Abiosi e Molloko, seguidas de Arame Farpado de Nova Odessa, os mineiros de Guaxupé, Mr. Metal e a banda de Barretos, Radiação X que precisou abrir o festival porque seu baixista era menor  e o dono do local não queria permitir sua entrada sem a autorização dos pais. Fizeram uma ótima apresentação, mas infelizmente tiveram que ir embora  mais cedo.

A segunda banda, foi a dos amigos da Molloko que além dos sons próprios, tocaram músicas dos Ramones,  naquela velocidade It's Alive.  Na sequência, os mineiros da Mr. Metal mandaram ver uma sequência de sons pra metaleiro nenhum botar defeito. Ouvi muitos elogios do público enquanto os caras de Minas Gerais tocavam.

por: Ani Vilaça Borges
por: Ani Vilaça Borges
Após um pequeno incidente que envolveu um cigarro aceso por uma garota onde não se devia fumar, foi a vez da rapaziada de Nova Odessa fazer o seu som agressivo influenciado por sepultura, Soul fly, Deftones entre outras bandas.  Arame Farpado foi a abertura perfeita para o que vinha na sequência: os amigos da banda Abiosi Periferia. O encerramento do primeiro dia de FGU não poderia ser melhor. Tocaram todos os clássicos e mostraram que não estão envolvidos na cena independente por modinha, mas sim por ideologia e respeito ao som que fazem.
O dia 27 de outubro, segundo dia de festival, começou com a Kingdom of souls de Matão. Os caras não se preocupam muito com rótulos ou estilos, então só ouvindo mesmo pra ver se é bom.  Confiram o som da banda no link  http://tnb.art.br/rede/kingdomofsouls. O Corvo de Vidro era para ser a segunda banda do sábado, mas como ocorreram alguns atrasos, os paulistanos da banda Fenícios banda quem, vieram na sequência. Além dos sons próprios, mandaram clássicos de Chuck Berry e Muddy Waters e sons do rock nacional como Titãs e Raul Seixas.
Infelizmente, o Mano Pinga e seus Comparsas não deram o ar da graça nesse evento  e a terceira banda a se apresentar foi a Whisky Piranha de Sampa. Denominam-se um Rock n Roll denso, politicamente incorreto e sem nenhum pudor. Mandaram bem e agitaram quem ainda estava presente. O encerramento do segundo dia ficou por conta da banda Corvo de Vidro. O público era pequeno, mas animado. 
Giancarlo, Alan, Topo, Ratão e João Francisco
Finalmente chegou o domingão, o evento começou mais cedo ou pelo menos deveria ter começado.  O terceiro dia marcou a  volta de duas bandas aqui de ribeirão Preto. O Coax e o El Kaboing que estreou baixista ( o amigo Fabrício Coelho, conhecido também como Topa ) e vocalista ( Helder ) novos,  . As duas apresentações foram muito animada e tiveram aquele clima de nostalgia. Tipo, caramba, estamos ficando velhos!!! O trio de São José do Rio Preto que teve a maior votação no site do movimento, apresentou uma ótima pegada no palco. Na sequência, ainda rolou Go Out de Ribeirão Preto, mandando ver os sons que saíram em seu primeiro EP e piadas sobre o resultado das eleições em Ribeirão Preto, o punkrock dos caras de Uberaba da banda Berne`s que tinham regressado a poucos dias de turnê na Argentina e Gagged de São Carlos que não deu pra ver tocando porque meu horário de ônibus não foi compatível. 
E esse foi o primeiro Festival do Garrafão Underground, espero que rolem muito mais eventos e festivais em 2013. Todas as bandas que tocaram no festival, tiveram um som registrado em uma coletânea e sua release divulgada em um fanzine. Interessados pelo fanzine / coletânea podem entrar em contato com o garrafão nesse link https://www.facebook.com/festivalgarrafaounderground?ref=stream.
Ratão, Daniele, Peixe, Stella, Celso e Alan

Mais fotos do evento disponíveis no link: https://www.facebook.com/festivalgarrafaounderground?ref=stream


João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Encontro com o prof. José Pacheco no auditório da E.E. Otoniel Mota em Ribeirão Preto


foto: Emilson Roveri
Essa não foi a primeira vez que participei de um encontro com o educador José Pacheco. Se não me falha a memória (o que pode ser muito provável) tive esse prazer em 2006. Não me pergunte onde, mas foi em um evento que recebeu uma série de palestras durante dois dias em Ribeirão Preto mesmo.  O papo com José Pacheco foi o mais relevante entre todos, tanto, que ainda guardo em meu HD humano muito do que foi dito por esse “portuga cabra macho”.  Essa foi a expressão utilizada por uma colega pernambucana que participou desse  encontro há alguns anos em Ribeirão.   Passado agora seis anos,  no dia 26 de outubro, tive esse prazer renovado na escola Otoniel Mota em Ribeirão Preto. Durante algumas horas, na companhia de vários outros professores, cada um com a sua bagagem pessoal  e conceitos diferentes sobre educação.
José Pacheco para aqueles que ainda não sabem ou conhecem apenas um pouco sobre ele, além de   educador, é o  idealizador da Escola da Ponte, em Portugal, instituição que, em 1976, iniciou um projeto no qual os estudantes aprendem sem salas de aula, divisão de turmas ou disciplinas. Loucura????  Nem um pouco. Possível??? Demais. Nas palavras do educador  essa  estrutura com a qual já nos acostumamos é o principal empecilho para que as coisas aconteçam de fato e a educação não seja apenas gráficos e números em um papel e passe a fazer parte do dia a dia de alunos e professores sem as amarras institucionais das hierarquias e burocracias    "O que fiz por mais de 30 anos foi uma escola onde não há aula, onde não há série, horário, diretor. E é a melhor escola nas provas nacionais e nos vestibulares"  Um dos momentos mais libertadores e sensato do bate-papo foi quando o professor disse.  "Dar aula não serve para nada. É necessário um  outro tipo de trabalho, que requer muito estudo, muito tempo e muita reflexão." Nesse momento olhei a expressão dos colegas e lembrei-me de que era a mesma que avistei em 2006. Os aplausos foram inevitáveis. Afinal, todos naquele auditório sabem disso e  já se questionaram a esse respeito. A aula em si não propicia nenhuma mudança substancial e que se o conhecimento não for significativo, nada acontece.  
Por meio de seu método socrático, o português  respondeu a todas as perguntas feitas com a máxima propriedade de quem vivenciou experiências o suficiente, nessa área tão complexa que é a educação. Mostrou saber mais do que todos nós sobre os nossos educadores. Dois  dos educadores citados por ele foram Eurípedes Barsanulfo (1880-1918) http://www.saudadeeadeus.com.br/filme26.htm e Tomás Novelino (1901-2000)  http://desmanipulador.blogspot.com.br/2012/10/biografia-tomas-novelinoeducador.html  que só conheço porque saía com uma moça espírita.
  Falou sobre a autonomia do professor que não pode nunca ser deixada de lado. Provocou-nos a debater e criar projetos em nossas escolas dentro dos princípios autônomos, que nos leva a refletir sobre nossa própria conduta em sala.  
Espero que todo o entusiasmo demonstrado ao fim desse encontro pelos professores que restaram,  reflita em ações, debates e aproximações com aqueles que pensam diferente. Sei que é difícil. Divulguei esse encontro para muitos colegas e muitos deram de ombro e questionaram a eficácia desse trabalho. Preferem continuar com o masoquismo existente dentro das salas de aula, até que os antidepressivos e calmantes já não façam mais efeito e enfim possam se aposentar com aquele papo furado tão comum em HTPC ou quaisquer outras reuniões pedagógicas de que a educação no Brasil não vai pra frente.

Ouça agora o som da banda Garotos Podres sobre o ambiente escolar. Só um detalhe, o vocalista dessa banda também é professor.


Escolas
Garotos Podres

Nas escolas
Onde a cultura é inútil
Nos ensinam apenas
A sentar e calar a boca
Para sermos massacrados
Pelo discurso reacionário
De professores marionetes
Controlados pelo Estado

Nas escolas
Você aprende
Que seu destino já está traçado
Pois querem os transformar
Em Cordeirinhos domesticados
Prontos pra serem transformados
Em operários escravizados

Querem nos transformar
Em máquinas
Para submetê-los
A cadência do trabalho
E horários embrutecidos
Pelos carrascos ponteiros do relógio

Me mandaram à escola
Para me dominar
Me mandaram à escola
Para me manipular
Me mandaram à escola
Para me escravizar
Me mandaram à escola
Para me domar







João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O fanzine e blog do âncora apoia: 12 outubro – Dia Nacional do Fanzine – Apoie essa iniciativa!


* esse texto do Prof.Dr. Gazy Andraus, foi tirado do arquivo do grupo fanzinada com informações sobre a campanha para o dia nacional do fanzine. Leia e apoie essa iniciativa.


Na década de 1980 os fanzines no Brasil faziam as vezes das publicações lacunosas de HQ de autoria nacional, pois aqui os fanzines se estabeleceram muito pela aproximação das histórias em quadrinhos, ainda que no mundo inteiro essas revistas independentes abordem temas diversos, sejam por meio de artigos e/ou artes como HQ, ilustrações, contos, poesias, contestações etc. Porém, esse tipo incrível e criativo de revista foi criado em 1930 pelos fãs de ficção científica nos EUA como  boletins e o neologismo “Fanzine” veio uma década depois.

No Brasil, o piracicabano Edson Rontani procurando um meio de difusão da cultura das histórias em quadrinhos no Brasil, criou em 12/10/1965 o boletim “Ficção”, primeiro fanzine de repercussão nacional, versando acerca de histórias em quadrinhos, com matérias sobre Alex Raymond, o criador de Flash Gordon, e que foi distribuído pelo correio e em 1965.

Rontani também criou o Intercâmbio Ciência-Ficção “Alex Raymond”, obtendo apoio de Adolfo Aizen, dono da extinta EBAL, sem falar que o material que conseguia de matéria-prima era oriundo de muita pesquisa e ineditismo, tendo como premissa publicar artigos pouco conhecidos da maioria.

Já é o momento de impulsionar essa data comemorativa aos fanzines no Brasil. Vale lembrar que eventos de fanzines vem ocorrendo há muitos anos como os já acontecidos em Araraquara, Jaboticabal, Itu, São Leopoldo e outros internacionais que já existem há muitos anos, quer seja o Xornadas de Ourense na Espanha galega, com uma exposição internacional incluindo catálogo e que trazia em décadas passadas uma grande contribuição por parte dos fanzines brasileiros. Não podemos esquecer a Fanzinada, que começou agregando os fanzineiros graças à Thina Curtis, tomando forma em 2011, promovendo a cultura do “faça-você-mesmo” não apenas na cidade de São Paulo, mas também em Goiânia e Porto Alegre.

Há de se ressaltar ainda a importância da primeira fanzinoteca física brasileira, a Fanzinoteca Mutação criada por Law Tissot na cidade de Rio Grande (RS), que muito tem auxiliado na importância dos fanzines.

Dentre essas e várias outras razões, bem como valorização da HQ no Brasil e sua importância graças aos zines do pioneiro piracicabano, nada mais óbvio que passarmos a realizar eventos também a cada ano no dia 12 de Outubro, para lembrar desta data comemorando-a como impulso criador das publicações alternativas independentes e sendo o Dia Nacional dos Fanzines.

Creio que a oficialização da data comemorativa 12 de outubro com mais eventos culturais atinentes aos fanzines irá fortalecer a importância deles no Brasil, até que algum dia futuramente possa ser oficializado esse dia, pois as histórias em quadrinhos têm a força atual muito graças às possibilidades de publicação que ganharam espaço nos fanzines pretéritos de outrora, já que as editoras nacionais se esquivavam dos autores brasileiros.


A ideia é iniciarmos um movimento culminando na institucionalização cultural do “Dia Nacional do Fanzine”, a partir do dia 12 de outubro desse ano de 2012, e o objetivo é que todos possam divulgar essa data comemorativa em seus veículo de comunicação e em especial os websites e blogs. Para isso, desenvolvemos duas imagens que exaltam o apoio à nossa ideia de estabelecer uma data oficial com o título do primeiro fanzine nacional registrado com a imagem do quadrinhista que foi a sua motivação, Alex Raymond.
Enfim, conclamo aos que o quiserem, que façam seu libelo-zineiro em homenagem e comemoração a esse dia, e o espalhem seja pela Internet (facebook, emails etc), seja por cartas, seja pessoalmente etc...
Todos que quiserem, estejam convidados a expressar no dia 12 de outubro de 2012, seja por quaisquer modalidades artísticas (escrita, desenho, cartum, charge, caricatura, música, HQ, artigo e/ou se quiser, algumas palavras expressando o que lhes impulsiona. E mesmo aos que nada quiserem realizar, no próprio transcorrer do dia, se lembrarem da comemoração, saudem-na a quem quer que seja. Creio que seja o meio mais afeito ao espírito zineiro!
Ajudem a valorizar esse momento histórico no Brasil e valorizem a cultura dos Fanzines, ou simplesmente zines!
Grande abraço fraternalmente zineiro.

Prof.Dr. Gazy Andraus
Coordenador e prof. do Curso de Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior e criador da disciplina de HQ e Zine no curso de Tecnólogo em Design Gráfico da FIG-UNIMESP - Centro Universitário Metropolitano de São Paulo

.Contato: gazyandraus@gmail.com

assista a apresentação com as fotos e som improvisado da edição número 5 do âncora zine feito na cidade de Franca no mê de julho de 2012.

domingo, 16 de setembro de 2012

As eleições e a falácia da democracia representativa



                
O Brasil é um dos países campeões não apenas em corrupção, mas também em partidos e candidatos fisiológicos, os quais são essenciais para a manutenção dos próprios esquemas de corrupção e manutenção da ordem política hegemônica, que privilegia setores específicos da sociedade. Os fisiológicos não se preocupam com coerência ideológica, com programas bem construídos, com propostas realizáveis e que busquem o bem-comum. Sua ideologia consiste, sim, em tirar o máximo proveito pessoal e de seus pares, utilizando estratégias como clientelismo, favorecimentos, aparelhamento de cargos e instituições, inclusive de Conselhos e instâncias de representação da sociedade civil. O fisiologismo, porém, está na própria estrutura governamental, pois observamos, por exemplo, como partidos de “esquerda” associam-se aos setores e partidos mais conservadores e elitistas da sociedade, e como há uma enorme incoerência entre seus programas e objetivos de governo com as práticas políticas, posicionamentos e alianças que estabelecem, notadamente envolvendo dinheiro e corporativismo.
 Ao mesmo tempo, uma enorme maioria da população desconhece ou pouco se interessa em conhecer e avaliar os fundamentos ideológicos, os programas e as diretrizes dos partidos. Votam na pessoa que parece legal, no “menos pior”, no amigo, no amigo do amigo, no cara que ele conhece da igreja, no que está em segundo lugar para não eleger aquele primeiro na pesquisa de opinião, no que deu um churrasco ou um botijão de gás. Temos, ainda, o fenômeno de alianças pré-eleitorais, onde em troca de dinheiro e apoio para campanhas, se monta toda uma estrutura de troca de favores. Ou seja, quem tem mais dinheiro e alianças com setores econômicos e midiáticos de peso tem mais chance de ser eleito. E para estes servirá o governo.
A mídia de massas transforma consciência política em “votar com consciência”, resumindo a conhecer se o sujeito é bom caráter, tem ficha limpa e se não faz promessas enganadoras. O cidadão, aquele transformado em consumidor e em eleitor, é reduzido de sua dimensão de sujeito político e a estrutura de poderes permanece inquestionada. A corrupção, a falta de representatividade, a dissociação entre governo e sociedade civil, as gestões incompetentes, são reduzidas a uma análise ingênua e superficial que busca indivíduos e partidos sujos, que apela a ignorância da população. Reforma política é uma questão que poucos ousam tocar e as organizações apartidárias da sociedade civil são temidas ou com vistas a cooptação, manipulação e esmagamento.
A eleição é uma ilusão formatada de que vivemos num país democrático. É um instrumento que, dentro do atual esquema político, serve mais a garantir o jogo de poderes entre oligarquias econômicas, seus vassalos e peões. Sem uma ampla reforma política, sem a desburocratização do Estado, sem o desaparelhamento da administração pública, sem o empoderamento da sociedade civil e a criação de uma esfera política com ampla participação dos cidadãos nas decisões e políticas públicas, pouco se avançara no desenvolvimento de uma democracia participativa, esta sim capaz de transformar o voto em um dos instrumentos legítimos de ação política democrática.

                                                                                                   por: Lígia Poggi Pereira

domingo, 22 de julho de 2012

VIVIAN




Ela era a namorada de um amigo. Na verdade, namorada do amigo de um amigo. A primeira vez que a viu, foi em um bar. Entraram de mãos dadas.  Jonathan estava de costas para a entrada e não viu a chegada do casal. Os outros três amigos que compunham a mesa com ele é que disseram:  “ Olha lá, o Tadeu. Aquela deve ser sua nova namorada.”
Antes que Jonathan se virasse para olhar, sentiu em seu ombro a mão direita de Tadeu que disse: “ E aí galera!!!! Essa é a Vivian!!!!” Em seguida puxou uma das cadeiras da mesa para que ela sentasse.  Pediu a Gustavo para que desse um espaço e pudesse sentar-se próximo a namorada. Eduardo sugeriu pegar mais uma mesa, mas Tadeu disse que não ficaria muito tempo e que logo iriam embora.
A garota era tímida e quase não conversou.  Já o namorado como de costume falava muito. Jonathan também se calou por alguns instantes. Estava incomodado. Por alguma razão, sentiu-se atraído por Vivian. O jeito tímido, a maneira como mexia em seu cabelo e pegava no canudo para beber sua soda. Os dentes afiados que exibia quando sorria.
Antes mesmo de terminarem de beber seus refrigerantes foram embora. Vivian insistiu para irem. Jonathan teve medo de que a garota tivesse capturado algum dos olhares que lhe fora lançado. Mesmo sendo amigo do amigo, não era uma lá muito correto paquerar uma garota comprometida. 
Depois que saíram, Jonathan comentou com Juliano. “Que bonita a moça. Tadeu deu sorte.” Juliano deu mais um gole na cerveja e respondeu: “Não achei, muito sem graça essa menina.” Todos riram, menos Jonathan que encarou a brincadeira como uma ofensa, mas permaneceu calado para que ninguém desconfiasse de sua paixão.
Os acontecimentos que se seguiram depois desse primeiro encontro foram estranhos. Sempre que Vivian cruzava com Jonathan nem ao menos o cumprimentava. O desprezo era a certeza que se confirmava em seu coração. Ela jamais seria sua.  Quando se cruzavam nos bares, Vivian cumprimentava a todos com um beijo e a Jonathan nem ao menos acenava. Todos percebiam que Vivian não gostava dele e ninguém entendia a razão disso.
Passados alguns anos, Vivian e Jonathan reencontraram-se naquele mesmo bar. Uma estranha coincidência. Ela estava sentada e acompanhada de uma amiga. Ele passou por ela umas duas vezes sem sequer olhá-la. Numa das vezes ouviu a voz de Vivian convocando-o a fazer-lhe companhia. A amiga havia ido ao banheiro. Os dois passaram o resto da noite conversando tudo o que não conversaram durante anos. A amiga nunca mais voltou do banheiro.  Nas semanas seguintes passaram a se encontrar com uma intensidade crescente. Jonathan chegou a pensar em se afastar de seus vícios. Do cigarro, das bebidas, da música. Enfim, da boemia por ele tão querida. Difícil decisão que envolveria toda uma vida de exageros etílicos regados a muita diversão em noites de esbornia que teria de ser abandonada por uma mulher. Nada muito original, mas valeria a pena. Será?! Olhou a sua volta e deparou-se com a vida. Os amigos, a bebida, o sexo livre de tabus e obrigações adquiridas. A sua frente havia Vivian. Bonita e inteligente, mas com sonhos de casamento, proteção, responsabilidade e fidelidade conjugais. Quem era ele para negar isso a ela? E quem era ela para lhe tomar a vida? Jonathan não achou que esse era o momento de aceitar aquela morte em vida. E não se sentiu capaz de realizar todos os pretensos sonhos de Vivian, considerados por ele vazios. Pensou em dar tempo ao tempo. Deixar que ela vivesse as coisas que sonha e quem sabe um dia não houvesse um terceiro encontro  em que um ou outro fosse menos egoísta em suas decisões. 
Conscientes da separação, tiveram a noite de amor mais intensa de suas vidas. Ao acordarem de manhã. Logo após o café regado a muitos risos e brincadeiras. Despediram-se sem beijos. Mais uma vez Vivian deixou a vida de Jonathan, mas agora eram amigos, não apenas conhecidos.
Vivian foi embora, talvez pra sempre, mas ainda havia bons livros na estante da sala, cigarros na gaveta da cômoda e cervejas na geladeira.




João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo, troque o pano de fundo, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão. 

domingo, 24 de junho de 2012

Rock Jardel - 2° Garrafão-SP Tour


 
O dia 23 de junho de 2012 em Jardinópolis ficará marcado, certamente, como um dos eventos mais legais dos quais participei junto ao Movimento Garrafão. Além das já conhecidas Corvo de Vidro e Mano Pinga e seus Comparsas, contamos com a participação da pulsante banda local, Cativeiro das  Ideias.
O 2° GARRAFÃO SP TOUR que nessa edição teve o nome de Rock Jardel,  começou com o som da banda Corvo de Vidro. Motivos aleatórios levaram a banda Drenados a não  participar desse som em Jardel.  Iniciamos a apresentação com a já costumeira, Incendiário na Terra do Nunca. Havia uma galera na praça Matriz de Jardel, formada na sua maioria por jovens, entre eles alguns alunos meus e amigos de Ribeirão Preto, entre eles Márcio Furtado e seus amigos motociclistas. Os dois últimos sons do Corvo de Vidro foram muito empolgantes e esse não foi diferente. A galera presente interagiu com a banda e uma roda de um “quase pogo” se abriu a nossa frente durante as músicas. Principalmente quando fizemos um som do Cólera com a participação inusitada de Eduardo Novaes nos vocais. A banda seguinte foi a Mano Pinga e seus Comparsas. Em frente a Igreja Matriz da cidade, desfilaram sem dó nem piedade o seu repertório repleto de histórias de sexo, drogas e Rock and Roll.  Por fim, a banda da casa Cativeiro das Ideias, fechou a noite de sábado com mais rodas vibrantes se          abrindo na praça da cidade.  
fotos: Stella Cadurim
Esse  foi o primeiro  Rock Jardel, espero que ele tenha um valor mais que  simbólico e una as galeras da região para que eventos como esse sejam feitos mais vezes e em outros cantos.  






João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.  

sábado, 2 de junho de 2012

Amigos, Ideias e Punkrock


Sempre fui uma figura fácil de ser encontrada na Feira do Livro de Ribeirão Preto, mas nesse ano visitei apenas um estande, que foi o dos autores locais para ver meus amigos, o poeta Nicolas Guto e a escritora Regina Baptista. E assisti apenas a um salão de ideias,  do  professor  e amigo Menalton Braff. Sempre que assisto a um Salão de ideias em que ele participa, levo embora duas ou três reflexões para aqueles momentos vagos em casa em que ficamos caçando coisas para se pensar. Dessa vez, ficou para mais tarde, reflexões sobre as relações entre vida e morte.  O que sentimos, de verdade, quando alguém próximo a nós morre???? Tristeza, Fragilidade, alívio????? Não sei e não é agora que vou pensar sobre isso.  Agora desejo escrever sobre um espetáculo. Um tributo ao Rock Inglês protagonizado pela banda  Blues InSônia. Fantástica  apresentação.  Como um adolescente, deixei de ir a escola para não perder o show, a diferença é que hoje não estou mais na condição de aluno e sim de professor, mas tenho certeza de que meus alunos entenderão a minha falta na sexta-feira à noite.
Entre o tributo ao Rock Inglês, as visitas ao estande dos autores locais e o Salão de Ideias, há um hiato memorável que passei ao lado dos amigos  Ratão, Fabrício, Lemão e Zoyo Comparsa. Histórias que de tão intensas  não cabem em palavras. Estão além dos signos. Vou tentar resgatar alguns momentos da nossa viagem  a São Carlos pra ver Mano Pinga e Seus Comparsas e Garotos Podres.
Saímos de Ribeirão Preto após às 21:30 da noite. Acho que além do carro de Fabrício, havia mais dois ou três, não me lembro ao certo. Na direção do Vectra, Danilo Ratão, ao seu lado Fabrício Coelho, viajei sentado   no banco de trás, muito bem acompanhado de uma cerveja e cigarros. Companhia que todos no carro desfrutavam. Menos o motorista, claro.  Chegamos ao local do evento, um Festival de Música Independente na USP, e uma das bandas que gostaríamos de ver, Stranhos Azuis, já havia tocado. Restava esperar pra ver Mano Pinga e Seus Comparsas e os  impagáveis Garotos Podres. Alguém então me disse que a ordem das bandas seria invertida, e que os Garotos Podres tocariam  antes da Mano Pinga...Sem perder tempo, arrumei um bom lugar para ver de perto os Podres. Todos alí se perguntavam, mas por que será que os Garotos tocarão agora????? Um rapaz ao meu lado, então me disse. Veja, o Mau, não se aguenta em pé. Se não tocarem agora, não tocam mais. Assim que me virei para o palco, os Garotos Podres  começavam a tomar seus postos e os primeiros acordes começaram a soar. Eles começariam a noite com o clássico “Garoto Podre”. Mau se jogou sobre o público que cantou junto toda a letra. Mau estava muito bêbado e não se importava com a grade colocada para separar o público dos ditos artista. Por várias vezes durante a apresentação bradava contra as Universidades, contra a Reitoria da USP. Sem medir palavras. Cantei testa a testa com Mau  “Escolas” e gritei a plenos pulmões o hino do proletariado “A Internacional”. Terminado o show, estava muito cansado e feliz por ter soltado todas minhas neuroses e estava mais leve por algum tempo após tamanha catarse.
Repostas as energias, fui assistir aos amigos da banda Mano Pinga e Seus Comparsas. Mano Pinga não estava tão diferente do grande Mau e aos gritos de Rock and Roll divertiu a todos os presentes. Na volta pra casa, tivemos a companhia de dois integrantes do Mano Pinga...Zoyo e Lemão. Quando chegamos, incrivelmente sem sono, Fabrício, Ratão e eu resolvemos aproveitar aquela bela manhã com mais conversas e um violão desafinado.   


 João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

segunda-feira, 2 de abril de 2012


Âncora vai ao Fim do Mundo, Enfim  

Eram mais de cinco da madrugada de um sábado, 31/03/2012, quando o ônibus vindo de Franca chegou à estação Armênia em São Paulo.  Peguei minhas coisas, desci  e acendi um cigarro para repor a nicotina perdida em mais de seis horas de viagem. Encostado na grade, com o cigarro no canto esquerdo da boca, li as orientações anotadas na agenda para chegar a casa do amigo Murilo ( um dos editores do âncora )  meu anfitrião.  Finalmente, resolvi  entrar,  dispensei meu guimba  de cigarro junto aos outros tantos jogados na calçada de fora da estação.  Meus próximos passos seriam  de metrô até a estação da Sé e depois até Belenzinho. Lá, Murilo me encontraria e iriamos até sua casa. Um pouco mais de dez minutos de caminhada.
No caminho passei de metrô pela estação  Largo de São Bento que já fora  ponto de encontro para os punks. Desembarquei em Belenzinho e liguei para o meu amigo. Quando nos encontramos após  cumprir os protocolos comuns entre amigos: “ Como vai??? Tudo bem??? Há quanto tempo??? Que bom que veio???”  fomos até uma padaria, tomamos um café e conversamos sobre o nosso dia no festival “O fim do mundo, enfim. Uma edição atualizada do festival "O Começo do Fim do Mundo" realizado em 1982 e que marcou a história não só do punk nacional, mas também do rock brasileiro com um novo tipo de atitude e postura. O festival " O Fim do Mundo Enfim", seria uma comemoração desses trinta anos de história do festival. Como escreveu o vocalista dos Inocentes Clemente no fanzine feito para esse festival "um novo festival punk unindo gerações, o velho e o novo juntos, mostrando que o antigo discurso nunca esteve tão atual. Serão cinco dias, 15 bandas e debates, mostrando que o punk continua vivo." 

Após algumas horas de sono e um almoço reforçado, o amigo Tarcísio Hayashi  da banda G.R.A.V.E , que sabia da minha visita, me ligou e disse que estava lá perto de belenzinho e passaria  pra tomarmos umas cervejas. Passamos a tarde de sábado tomando cerveja com o ele e Barbara Ramos, mais tarde juntou-se a nós o Gago, também integrante da banda G.R.A.V.E.  Na carona para a estação de metrô ouvíamos a música “desequilíbrio” na voz de clemente. Disse ao Murilo que estava  sentado ao meu lado.” Esse som é clássico. Quem o compôs foi um punk chamado Índio, vocal das bandas Condutores de cadáver e Hino Mortal.”  

Pegamos a máquina fotográfica na casa da namorada de Murilo, tomamos mais algumas cervejas e comemos uma pizza em um bar da rua Augusta e rumamos para o Sesc Pompéia.
Para a nossa surpresa, chegamos no momento em que Jão e Boka da banda Ratos de Porão davam uma entrevista, no final da rua de paralelepípedo do Sesc. Assistimos de lado, sem  atrapalhar e Murilo tirou  algumas fotos. Ao fim da entrevista, chamei por Jão e lhe disse que era de Serrana e ele se lembrou do som que fizeram no CBGB caipira em 2001.  Ele comentou: “Pô, cara. Saiu de lá pra vir até aqui hoje. Legal. Bom som pra vocês aí.” Sem perder tempo deixei um zine do âncora com ele e tiramos uma foto. Lembrei-me que essa foto era um repeteco de uma tirada em Serrana há mais de dez anos. A diferença foi o físico que mudou de lá  pra cá e a cerveja que Jão tomava que era de outra marca.
Não demorou muito para que me encontrasse com Ariel, vocalista das bandas Restos de Nada e Invasores de Cérebros que seria uma das bandas a tocar nessa celebração que estava prestes a começar. Também deixamos um zine com ele. Nas costas da jaqueta jeans, mostrou-nos um desenho que havia sido  presente de Seko. Amigo e tatuador, morador de bom Fim Paulista, cidade próxima a Ribeirão Preto.   Já eram 21h00 e os punks começavam a chegar em maior número.  Jovens, velhos e não tão velhos ou jovens assim. Todos queriam testemunhar essa noite de celebração.  Alguns já tinham ido às noites anteriores, mas para mim seria só aquela noite, já que o som do domingo foi adiado para outra data, ainda não divulgada. Estava ansioso. Enfim, entramos. Fanzines sobre o evento eram distribuídos. Pegamos alguns e deixamos outros nossos disponíveis para quem quisesse ler ou apenas ver.  Assim que entramos demos de cara com o Índio e o Murilo pôde conhecer o compositor do som que ouvimos no carro. Mais tarde também o viu em ação em uma participação especial no som dos Invasores. Cantou junto com Ariel o clássico Desequilibrio.
A primeira banda da noite foi a Question que já tem quase 12 anos de estrada. Une metal e hardcore em seu som.  Tocaram pouco, já que a galera presente queria mesmo era ouvir Invasores e Ratos.  Aos gritos de “Fim do Mundo, Enfim o Caralhoooo!!!!” Ariel adentra o palco e  começa o som dos Invasores de Cérebro. Não poderia ser melhor. Ariel mandou ver nos vocais. Tocou os grandes clássicos da banda. E não deixamos por menos. Pogamos pra valer e gritamos contra tudo que nos oprime nessa vida miserável. Cantamos juntos “  Eu sei que arrancaram das páginas escritas...o meu direito a preguiça!!!” “ Porra de vida, porra de vida, porra de vida, você não vale merda nenhuma” e tantos outros clássicos. Ah!!!! Ariel também não se esqueceu de orar e agradecer a deus. “deus não existe e não faz faltaaaaa...”. A performance de Ariel é de uma verdade comovente. Assista ao vídeo com trechos dos dois sons, Invasores de Cérebros e Ratos de Porão ao final do texto e confirme o que escrevo.
Cansados, saímos para tomar uma cerveja para em alguns minutos assistir aos Ratos de Porão.
 Repostas as energias voltamos aos nossos postos. Jão, Boka e Juninho subiram primeiro ao palco do Sesc Pompéia. Pensei até que iam começar com Jão nos vocais já que na primeira formação da banda era ele quem cantava, mas não,  logo no primeiro acorde entrou João Gordo, menos gordo que a última vez que o vi. Estava com um humor incrível também. Não se estressou com nada, Nem mesmo com um rapaz que  subiu ao palco e tomou da sua cerveja. Tocaram sem repertório. Decidiam ali no momento, pedindo auxílio do público que tinha todas as músicas na ponta da língua. Trata-se de uma banda de trinta anos que fez história e que ao lado de outras é a própria história que não li nos livros, vivi na pele. Gordo lembrou-se de Redson e disse a todos. Faltou você aqui Redson.

Já era mais de meia noite quando saímos do Sesc e pegamos um busão até outra estação de metrô e de lá fomos até a rua Augusta onde Murilo e eu terminamos a noite entre uma cerveja e outra. Entre lembranças e novas histórias a serem contadas em outras ocasiões.

Clique no link e confira o vídeo editado por Murilo de Paula com imagens dos sons Invasores de Cérebros e Ratos de Porão no festival O Fim do Mundo, Enfim: http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=AysE0zxpaRQ




Fotos e vídeo:

Murilo De Paula, sou formado pelo curso de Artes Cênicas da Unicamp. Artista Cênico, atuo um pouco danço talvez escrevo rabisco palavras desenhos qualquer coisa que caiba na voz que se faz entre um e outro. Atualmente faço parte do núcleo de dramaturgia do SESI/Britsh Consil, da Caleidos Cia de Dança e sou orientador de teatro pelo Projeto Ademar Guerra. Rabisquei, cortei e colei o Ancora Zine, e já que o Zine veio a mim com Mãe e Pai me declaro o Amante.



Texto:

João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.



quarta-feira, 21 de março de 2012


Grito Rock em Franca reuniu bandas de estilos diferentes, mas com 100% de energia e poesia
( todas fotos por Rodrigo Tas )

Saímos de Serrana por volta das 18:00 do domingo ( 18/03 ).  O Comercial havia empatado com o Corinthians e o São Paulo conquistado três pontos frente ao  Santos. Durante a viagem para Franca, Guns N' Roses foi o som que rolou no carro. O motorista  foi o irmão de Ricardo Brasileiro, guitarrista do Íbis. Não o encontrava há alguns anos.  Quase  não troquei ideia durante a viagem. Consegui cochilar um pouco  e a viagem até Franca foi bastante tranquila.O evento foi realizado no Quintal do Poeta. Um  espaço voltado para a arte em geral, principalmente a música.

Fomos a terceira banda a tocar. Antes de nós,  apresentaram-se outras duas bandas.  Samanah (Bauru) e Pubis ( também de Bauru ). Fazia tempo que não tocava punkrock. Sou o ex-batera do Íbis e meu objetivo era não fazer feio. Tocar de acordo com o combinado no ensaio do dia anterior. Procurei manter a mesma energia do início até o final do som.

Logo após a apresentação do pássaro negro, os mineiros do Vandaluz de Patos de Minas não deixaram por menos. Desfilaram vários sons de uma poesia fantástica. De forma divertida e poética, Vandaluz, traz  conteúdo livre e crítico, valores que a banda acredita serem indispensáveis para a satisfação de sua arte. Com uma maneira particular de ver a música brasileira, a banda conduz seu trabalho de apelo reflexivo, na intenção de estimular a liberdade de fazer arte com alegria e com responsabilidade. Meus amigos locais ( Leandro e Murilo ) e eu ficamos impressionados já no primeiro som. Após o som fomos mandados ao Inferno ( uma Rep. em Franca ) e adorei conhecer o espaço.  Comemos, conversamos e bora pra Serrana. 

Não posso me esquecer do amigo Mamute que abrilhantou as apresentações, exibindo malabares com esferas coloridas e com alguma coisa que não sei o nome pegando fogo. Parabéns a galera de Franca e a todos os envolvidos ( público. banda, fotógrafos...)  nesse Grito Rock. 




João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo, troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.