terça-feira, 5 de novembro de 2013

POEMA SOBRE O QUE FICOU DE NOSSA FRAGRÂNCIA




Pensei que esse amor não acabaria como mais um poema

achei que essa poesia ainda teria outras tintas para  colorir

que não tão cedo perdesse suas cores
deixando apenas o preto das palavras e o branco da página
agora só resta ao poeta as memórias de uma noite
de sorrisos, beijos,  conversas, cigarros e gosto de bebida
misturados aos feromônios do sexo.


João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

TEM MC AE???


...Por metros de concreto
sou tapete de cimento e pedra aos pés da multidão
seja asfaltada esburacada ou de terra
sou passarela para os que vem e que vão
sou selva sem fauna sem flora
mas de mim brotaram as raizes que os tempos transcendem
prazer sou a rua
onde as coisas de verdade acontecem.

28 anos de existência
de histórias marcadas em cada pedacinho de chão
ignorada desprezada por tantos mas pra quem é descendente de raiz
sou essência pura da cultura dentro de cada coração
uma enorme calçada que não ostenta fama
pros batalhadores do novo milênio neste solo me consagro ringue
aberto a quem possa interessar
mas só os verdadeiros permaneceram aqui
pois pra ser rua tem que ser real
Tem MC ae??...

...BATALHA DA XV...
 
...Hey salve salvee..Meu nome é tiago conhecido por CHAPOLIN..B.Boy há 8 anos..vivo a cultura com oq ela tem de melhor para oferecer..e MC há pouco tempo..mas apaixonado por este elemento no qual expresso meus sentimentos com palavras seguindo as batidas do meu coração..esse é um poema que fiz para BATALHA DA XV:  batalha d MC's que acontece em Ribeirão Preto...

domingo, 25 de agosto de 2013

Tristezas de uma manhã de domigo

Tinha uma longa caminhada até a rodoviária. Olhei para céu que àquela hora da madrugada era café com leite  e acendi meu último cigarro. Decido passar na conveniência do posto no centro da cidade que certamente estará aberto e comprar cigarros. Comprei dois maços. Seria o suficiente e ainda sobraria um fechado para o dia seguinte. Minhas pernas doíam e resolvi parar e sentar para descansar um pouco no banco de uma praça dois quarteirões depois do posto.
Em um dos bancos próximos ao meu havia um casal que discutia. De repente ouço um barulho e quando me viro  dou de cara com uma cena inusitada. Um rapaz no chão segurava o nariz que sangrava. Tinha tomado um puta soco da companheira que estava sentada a seu lado. Foi aí que percebi no decorrer da cena que o que pensei ser um casal formado por um homem e uma mulher que poderiam ser casados ou namorados era na verdade dois homens. Um travesti e seu cliente que não pagou o programa devidamente e que por isso era esbofeteado. O travesti ao bater gritava para que todos ouvissem. “Comeu e não quer pagar o combinado, cretino!!! FIHO DA PUTAAA...” Na hora cheguei a ter pena do pobre coitado, assisti a tudo sem mover um músculo. Quem passava pela praça também não se importou. Com certeza estavam acostumados com tais acontecimentos que talvez fossem comuns nas madrugadas de domingo.  Alguns transeuntes sequer olhavam para os dois. Outros me cumprimentaram, fizeram comentários do tipo: o combinado saiu caro pra esse, não é mesmo amigo? Tinham também os que só me pediam um cigarro. Para os quais dizia, “toma dois aí, amigo. Tenho bastante aqui.”
Em meio a socos e pontapés, o pobre diabo conseguiu se levantar e fugir cambaleando, entre os poucos carros que passavam, para bem longe do travesti que estava muito enfurecido e continuava xingando. Abriu sua bolsa e tirou de dentro um cachimbo desses artesanais e, sem se importar com as senhoras que naquela hora saiam de suas casas para irem a padaria ou fazer uma caminhada, deu umas quatro ou cinco baforadas. Terminado o show pensei em ir embora, mas o travesti me interpelou dizendo: aí moço, me arruma um cigarro? Disse-me isso com voz feminina e serena. Nem parecia a mesma pessoa que há pouco vi chutar um homem no chão como se fosse um saco de batatas.  Tirei dois cigarros e dei a ele. Acendeu um e guardou o outro. Se virou pra mim e começou sua história. “Me desculpa de ter fumado pedra perto de você, moço. Tinha parado, mas a noite de hoje foi zica pra caralho, sabe?  Acredita que peguei meu homem na cama com outro traveco. Que raiva que deu. A gente sustenta o bofe. Compra droga pra ele  usar. E o mínimo que a gente espera é um pau duro quando a gente precisa e um pouco de respeito. Na minha cama, moço? A cama que a gente dorme? Filho da puta!!! Maconheiro safado!!! Só que isso não vai ficar assim não, moço. Não vai.”
 O que deveria ter feito após ouvir o desabafo era ter ido embora, mas não, dei corda para que ele  continuasse. Perguntei se o namorado era o cara em que bateu há pouco. Sabia que não era, mas precisava saber mais daquela história, talvez fosse para amenizar o tédio.  Peguei outro cigarro e acendi. O travesti tomou fôlego e continuou a contar. “O cara que você me viu batendo era um cliente que combinou um preço comigo e depois queria pagar outro. Um mentiroso. Depois que peguei meu homem com outra, fiquei fodida de raiva, mas não podia matar o desgraçado dentro da pensão onde moro. Quando comecei a morar nessa casa me comprometi com a dona que é muito boa pra mim a não fazer barraco lá dentro. Só olhei bem pra cara dos desgraçados e disse. Se vistam, filhos da puta e podem sumir daqui os dois porque vou atrás de vocês. Vou matar vocês dois. Então se vestiram aos tropeços e sumiram. Nem tentaram se explicar. Sei bem onde encontrar os dois e vou mesmo matar um por um.” Mais uma vez tive a chance de ir embora, mas olhei paro o relógio e tinha perdido o primeiro ônibus para minha cidade. Acendi dois cigarros de uma vez e ofereci um ao traveco que continuou seu relato.  "Procurei meu revólver, mas o desgraçado tinha achado minha arma e tenho certeza que o viciado a trocou na boca por farinha. Foi aí que sai pra fazer um programa e arrumar uma grana pra pegar uma arma na bocada e encher o cu desses dois de chumbo. Encontrei esse playboy que me viu surrando aqui na praça. Queria fazer um programa e me prometeu duzentão. Fomos em um dos moteizinhos  da baixada e na hora de pagar o cretino fez um puta teatro e disse que sua carteira tinha sumido e que tinha caído no chão da praça onde me encontrou.  Vim pra cá com ele para procurar. Aí começou com um papo de que ia passar no banco 24 horas e que se eu quisesse podia esperar sentado no banco da praça mesmo que ia rapidinho tirar o dinheiro e voltar pra me pagar. Foi aí que ganhei o golpe  do malandro.  Ah...moço!!! Sou muito boazinha, mas não me faz de boba, não. Bati mesmo, juntou a raiva da colega que me chifrou com  o meu bofe mais a que ele me fez passar e descontei tudo em cima do  safado. Agora tô aqui, sem dinheiro pra arrumar o cano pra matar os desgraçados que me traíram.” Nisso passam dois caras de moto que mexem com o traveco. O travesti  sinaliza com a mão e os dois param. “Ó moço, preciso arrumar essa grana com esses dois aí. Um aí é cliente antigo e não vai me zuar. Vou ver até se depois do programa me deixa na bocada e me ajuda no serviço. Meu nome é Zoraide, viu? Você foi muito educado em me ouvir. Outro em seu lugar ia era me xingar e não me daria a mínima atenção.” Mais uma vez perdi a chance de ficar quieto e disse que depois de ver o que fez ao carinha não seria nem louco de xingar. Zoraide me olhou com uma cara de quem não gostou da piada, mas tinha mais o que fazer  na vida. Afastou-se de mim e seguiu com um rebolado frenético até os rapazes e sentou na garupa de uma das motos que saiu em velocidade.

Continuei meu caminho até a rodoviária. Eram mais de 08h00. Quando cheguei o ônibus estava deixando a plataforma. Fiz sinal para o motorista  e corri. O motorista que me conhecia, aguardou que eu chegasse e só depois acelerou. No trajeto para casa fiquei pensando em como seria o desfecho da história que ouvi. Será que Zoraide ia mesmo matar a colega travesti e o namorado? A vida durante a noite é bem diferente da vida durante o dia. Os códigos de conduta são outros. A impressão que me dá às vezes é que tudo é permitido. Que para os viajantes da noite  é proibido proibir. E para essas criaturas a tristeza chega sempre acompanhada de um novo dia.




João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Nietzsche, a Selvagenzinha e a Alguém


Tinha 7 anos de idade quando ouviu, pela primeira vez, a sentença da tia: "ela é uma selvagenzinha". O motivo? Não conseguia se comportar como as primas, como princesinhas. E tudo era sempre motivo de comparações! - elas, as meninas comportadas, sempre com laçarotes na cabeça e vestidinhos lindos; ela, a selvagenzinha, sempre de shorts, detestava bonecas, gostava de rolar na grama, mexer na terra, transformar em lobos os vira-latas da casa e apostar corrida de bicicleta com os amigos. De fato, merecia o título. Não só merecia, como fez juz a ele. E as primas, as de laçarotes na cabeça, toda vez que vinham visitá-la, eram "desvirtuadas" pela selvagenzinha. Porém, jamais sofrera repreensão dos pais por comportar-se dessa forma; deixaram-na crescer livre.

Achando extremamente tedioso "brincar de casinha", a selvagenzinha fazia as primas correrem com lobos vira-latas, a confundirem-se com eles, a andarem descalças, se sujar, brincar de pega-pega, esconde-esconde... Uma lástima! E princesas? Adoravam os momentos em que podiam se libertar dos laçarotes, dos vestidinhos bonitinhos, das sufocantes ataduras, das correntes que as mantinham imóveis; estavam sempre contando os dias para se verem - as princesas e a selvagenzinha.

O tempo passou. A selvagenzinha cresceu e, logo percebeu, teria de se adequar as normas que a sociedade impunha, como condição sine qua non para a boa convivência com os outros. Passou, então, a fingir ser uma pessoa "normal", uma "alguém", a seguir protocolos, a ter modos e graça, a comportar-se de maneira a ser levada a sério. Adequou-se à sociedade; comprimiu-se na máquina; virou um "alguém" que se via na obrigação de rejeitar a selvagenzinha e tinha de calar sua voz a qualquer custo.

Só que a selvagenzinha insistia em viver, falar e resmungar. Travou-se, então, um combate feroz entre a "alguém" e a selvagenzinha. Digladiavam-se noite e dia. É que a selvagenzinha tinha um defeito - sempre adorou ler livros e os lia desde os 5 anos. E foi com eles que aprendeu sobre as diferenças, a intolerância, o que era considerado "certo" e "errado" mas, sobretudo, aprendeu que existem vários, diversos, milhares de pontos de vista diferentes dos dela. E que nem sempre, aqueles que dizem querer o bem de "alguém", realmente o desejam. Essas constatações a chocaram em um primeiro momento - percebeu como era estranho, complexo o mundo em que vivia.

A sociedade, com todas as suas regras e normas de conduta, por exemplo, visa o "bem-comum". E em nome dele [do tal bem-comum], o bem-individual teria de ser sacrificado. Com grande apreensão, também deu-se conta de que nem tudo que seria bom para todos, seria bom para ela. Como resolver isso? Como conseguir enxergar os rostos que se escondiam atrás de máscaras e representações? Ela ainda não sabia. Por pressão, porém, viu-se obrigada a assinar o contrato. E foi neste mesmo dia que a "alguém" saiu-se vitoriosa. Finalmente, conseguira enjaular a selvagenzinha... ou, pelo menos, achara que sim.

Mais crescida, já cursando História na faculdade, a "alguém" deparou-se com um grande pensador, chamado Nietzsche. E neste dia, que foi um dos mais felizes de sua vida, ela deu-se conta de que, finalmente, havia encontrado alguém que pensava parecido com ela [ou teria sido com aquela perigosa selvagenzinha?]. Foi amor a primeira vista. Ela queria tê-lo pedido em casamento. Porém, sabia da impossibilidade, devido ao seu falecimento, muitos anos antes do nascimento dela própria. Então, a "alguém" chorou. Chorou muito. Nunca, ninguém, jamais teria a chance de compreendê-la tão bem quanto ele. E ela sentiu-se só. Muito só.

Outros tantos anos se passaram. Durante este tempo, ela deixara o "amor de sua vida" meio de lado, de castigo, que era pra não ficar sofrendo as dores de uma paixão impossível, irrealizável. Na verdade, fez ainda pior - ela o renegou, desdenhou e passou a afrontá-lo com deuses e demônios das mais diversas espécies, cores, tonalidades  e origens. É que ela tinha consciência de que se o "ex-amigo" a pudesse ver, sentiria-se magoado, afrontado. "Ora! Não fora ele um dia a me magoar e me afrontar por estar morto?" - a "alguém" repetia para si, na tentativa de justificar o injustificável. A estas alturas, já nem sabia porque se apaixonara por ele - "aquele alemão tonto e ruim das ideias!". Mas o tempo -ah! o tempo - e todas as situações pelas quais teria de passar sozinha, em silêncio, um dia, a faria se reaproximar do renegado, do bigodudo, do alemão tonto e ruim das ideias.

Batalhas e mais batalhas inglórias depois, finalmente entendeu o que a levara a ele e o que não compreendera naquele precoce contato. Acima de tudo, deu-se conta de que muito do que vivera, até aquele exato momento, não passara de uma [perigosa] farsa. Teve de admitir que a verdadeira responsável, aquela que facilitara o encontro "gêmeo", havia sido a selvagenzinha - aquela que rolava na grama, que desvirtuava meninas com laçarotes na cabeça, que corria com lobos vira-latas, que não aceitava ser domada, dirigida ou liderada - e, injustamente, fora encarcerada nas masmorras, de um inconsciente caoticamente organizado, sem ter tido, ao menos, chance de defesa; deu-se conta de ter sido ela [a selvagenzinha] a dar as mãos ao bigodudo e a dizer, numa voz infantil - "ensina-me a aprender....".


A "alguém", então, entendeu que poderia tê-lo sempre junto a ela. O seu amor, recém-(re)descoberto pelo "amigo", fê-la, sobretudo, entender que não precisava livrar-se daquela insolente selvagenzinha que, do porão a que fora relegada, clamava por atenção; percebeu que poderia sublimá-la, (re)direcioná-la, torná-la uma artista que se expressaria através das letras. E a selvagenzinha sorriu, sorriu feliz, diante da oportunidade concedida de (res)surgir das cinzas, a que "alguém" a havia reduzido, e a voltar a correr com lobos.

Miriam Waltrick é formada em História pela UFSC e um curso superior incompleto em Ciências Econômicas, é jornalista por profissão, escritora por opção e blogueira nas horas vagas. No final das contas, descobriu que o que deveria ter feito mesmo era Letras Português (esquizofrenia pouca é bobagem). Jornalista sem canudo, foi em Londres, onde morou por 4 anos, que surge a oportunidade de atuar nesta profissão. Passa, então, a escrever para duas revistas - a Real Magazine e a Brasil Etc.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Dama da madrugada



Porta trancada, janela com uma fresta aberta e a imprestável programação da TV como trilha sonora de um cenário caótico e perverso. O quarto de paredes brancas mofadas era o mocó daquele jovem, que sem forças de reação, afundava o nariz onde não era chamado.
Todo sábado era assim. Trabalhava até às 22 horas e ficava até uma da manhã vagando pelas ruas sujas daquela cidadezinha. Em seguida, passava na biqueira, comprava pó e caminhava ligeiro para o aconchego do seu lar. A madrugada era uma noiva do mal, que o tirava para dançar os esplêndidos passos vazios da desesperança.
A estante era uma grande amiga. Além de suportar as vozes que saíam da telinha da mentira, também era a mão que estendia a química da escuridão. Entre um tiro e outro, olhos atentos para ver se alguém aparecia. Com medo, não queria ser surpreendido por ninguém, muito menos por seus pais, que dormiam no quarto ao lado.
Pensamentos surgiam e o atormentavam: “Que barulho foi esse? Preciso trabalhar daqui a pouco! Porque estou fazendo isso? Alguém me ajuda!” – triste começo de juventude para um menino que mergulhou na fossa, como um nadador mergulha na grande piscina em busca da medalha de ouro.
O sono desaparecia e só restava a neurose. A vontade de dormir era imensa, porém o efeito não passava. Até o horário de sair para o trabalho, havia tempo suficiente para uma boa reflexão. Aquilo tudo era uma decepção para seus pais, que o criaram de uma forma decente. Também era injusto consigo mesmo, pois trabalhava o mês inteiro e deixava seu salário escorrer pelo ralo.
A depressão o consumia e o sono chegava junto com nascer do sol. Já era hora de trabalhar. Seu cérebro não havia descansado e sua cabeça doía. “Porque estou fazendo isso?”, perguntava a si mesmo. Tomava um rápido banho e enquanto vestia o uniforme da empresa, assistia a missa que passava na tela. As palavras que entravam por seus ouvidos traziam uma mescla de esperança e desilusão.
Sem tomar café da manhã, desligava o aparelho, saia para a rua e caminhava rumo à labuta em pleno domingo. O ambiente deserto não escondia nenhum oásis para seu coração deprimido.
“Tenho que parar com essa porra...” – sua alma gritava.

 

Autor: Marcus Vinicius Machado, latino-americano criado em Santa Isabel – SP. Um dia resolvi sair por aí e descobri que em cada esquina existem várias poesias e contos. Também sou estudante de Jornalismo e criador do blog Sem Sobrenome (100sobrenome.blogspot.com.br).

domingo, 26 de maio de 2013

Impressões sobre a primeira noite de Se Vira Ribeirão

Vou escrever agora esse texto, é tarde de domingo, antes que as impressões da noite de ontem, madrugada e manhã de hoje se percam. Cheguei a Ribeirão Preto após as 15h00, fui até a UGT me informar sobre o início da roda de conversas infinitas sobre o ensino público. Ainda estavam montando o espaço, aproveitei para dar uma mão. Feito o trampo, iniciou-se a conversa. Professores com os mais diversos pontos de vista falaram suas impressões a cerca da educação em São Paulo. Concordei com o ponto de vista de uns e de outros nem tanto, mas é assim que funciona a democracia. Encaminhamentos foram feitos e em breve novidades virão nas redes sociais sobre o tema educação em Ribeirão Preto e Região. Aguardem!!!
Encerrado o bate-papo sobre a Escolas Públicas, fui dar uma mão para a equipe de som no palco. Para quem está lendo e não sabe ainda,  o Se Vira Ribeirão não é um simples evento. Trata-se de um movimento que reúne artistas e a sociedade civil em um processo 100% colaborativo que existe desde o ano passado e vocês ainda ouvirão falar muito dele. Quando cheguei o palco estava sendo preparado para a banda “Sinhô Adonai & Reggae do Gueto. “Bom demais. O clima reggae tomou conta da baixada nesses 40 minutos. Na sequência a “Gran Modern Glasses” fritou os tímpanos de quem estava presente  no palco em frente a UGT.  O som não parava na baixada. Sem perder tempo a “Blue Sunset” mandou ver na outra ponta da Bonifácio. Um som tranquilo se comparado às pedradas sonoras da banda anterior.

Acendo um cigarro e caminho até próximo a UGT. No palco  estão os caras da banda “Chic Hernandez”  que une  os ritmos das Américas e África e cria uma sonoridade particular a partir dessa mistura. Gostei do som. Trilha sonora perfeita para fumar um cigarro e tomar uma ceva.
Quando voltei para o  extremo oposto da Bonifácio. Surgiam os primeiros acordes de” Vinil Verde” uma banda influenciada por  Los Hermanos, mas que aos poucos dá cara aos próprios sons. Ótima apresentação.
Quase 23h00. Chegou a hora de curtir um Blues. Nada mais indicado que o “Blues Insonia”. Se alguém estava cansado, certamente renovou todas as suas energias nesses 40 minutos de apresentação. Bom demais e está a cada ano melhor e é assim que deve ser.  Perdi a banda que tocou após o Blues Insônia e quando regressei a baixada o Go Out estava a postos e mandaram  benzaço mais uma vez. Todos curtiram e pudemos enfim ver uma roda de pogo se  abrir  na Bonifácio. “A partir daí a coisa só iria esquentar cada vez mais.” Mano Pinga e seus Comparsas” arrebentaram na sequência e quem estava assistindo foi à loucura.  2h00 passadas e foi a vez do  instrumental lisérgico com voz da banda “Miss Lane”. Para dar mais embalo a madrugada do domingo que se iniciava,  Leser  e sua banda compareceram cheios de ideias e rimas. Não conhecia a banda Le Biggust que entrou na sequência, mas curti muito a energia do power trio.

Por fim restavam as rodas de samba e começar devagarinho a guardar as coisas. Aos poucos a baixada se esvaziava e o barulho das guitarras dava espaço ao ronco dos carros que começavam a se agitar na avenida.

 Acompanhe as informações e fotos do que aconteceu e do que ainda vai acontecer no Se Vira Ribeirão neste endereço https://www.facebook.com/seviraribeirao?ref=stream&hc_location=timeline 




João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

É apenas Rock

O que me motivou a escrever esse texto foi a história contada por um amigo que num domingo de  manhã
( bandas de rock não deveriam ensaiar num domingo de manhã ) foi ensaiar com sua banda na companhia de três latas de cerveja. Um dos integrantes da banda o repreendeu e disse: “ cara, isso aqui é sério!!!” Se estivesse no lugar desse amigo responderia: “ desculpe, mas pensei que isso fosse apenas rock...”
Rock não e coisa séria, nunca foi. Pense nas maiores bandas de rock que já existiram. Quem ali era sério? Eram sim descontentes. Não queriam passar suas vidas trancados dentro de normas e padrões. Muitas bandas acabaram justamente quando um dos integrantes, deslumbrado pela fama, resolve burocratizar a relação de amizade e companheirismo e passa a cobrar dos demais regras comuns a uma empresa. Algumas dessas grandes bandas podem ainda existir, mas não são nem de longe o que eram quando simplesmente tocavam suas músicas sem se preocupar com os julgamento e interesse de possíveis empresários. O público que curte rock, sabe reconhecer quando uma banda é honesta. E é para o público que se toca.
Quando toco minha bateria não penso em nada. Eu sou a música que toco naquele momento. As baquetas são uma extensão de meus braços. Faço isso porque gosto. Fiquei dois anos sem tocar por desgosto. Porque as bandas em que tocava antes se burocratizaram e tornaram-se cínicas e perversas. Espero que isso não aconteça de novo.
Cumpro normas e padrões de segunda à sexta-feira. Por mais que eu ame minha profissão, sei de minhas responsabilidades. Não falo e nem faço tudo o que penso nesses dias. O trabalho exige uma postura que se aprende a duras penas. Não quero reproduzir isso nos meus finais de semana. Quero ser eu mesmo. Quero tentar ser feliz. O rock é pra isso. Significa isso.

Abaixo está uma foto que ilustra muito bem as mensagens do texto que escrevi, tirada no dia 26/06/2012. Uma foto que simboliza esse espírito que só existe em bandas que ainda gostam de fazer apenas rock.

foto tirada por  Stella Cadurim Lopes. no baixo está ratão 


João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.






segunda-feira, 20 de maio de 2013

poema para três girassóis


ganhei girassóis
 girassóis de verdade
 não sairam do poema de ginsberg
 e nem do quadro que tenho em meu quarto
 trata-se de um  presente
 é assim que chegam até mim
 como oferendas
 sempre no momento em que mais preciso
 meu primeiro girassol
 chegou em forma de poesia
 em um uivo louco
 em uma noite triste
 e eu o devorei
 palavra por palavra
 saboreei cada verso
 e só parava de mastigar  nas vírgulas
 para relembrar o sabor dos verbos passados
 meu outro girassol
 brotou de mãos aprisionadas
 da solidão da cela
 para a da minha casa
 vive preso em uma parede
 a velar o meu sono

 os girassóis de agora
 não foram pintados
 e nem imaginados em metáforas
 esses de agora têm perfume
 precisam de cuidados
 há muita vida em meus três girassóis
 esses agora estão em um vaso
 um mais alegre
 o outro mais sensato
 e o mais velho triste
 sou muito amigo do mais velho
 gosto da mistura da essência
que os três exalam
um não poderia viver sem o outro
 há vida e morte em sua pétalas
 assim como em minhas lágrimas.



João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.



domingo, 5 de maio de 2013


O sumiço de Andreia

Andreia jamais se levantava da cama antes que o sol atingisse o centro do céu. Por mais que o mundo lá fora pedisse sua presença. Porém, num dia atípico, daqueles que dificilmente acontece, ninguém sabe se por insistência dos carros e motos que roncavam na sua rua, resolveu levantar-se. Toda casa se surpreendeu. As pantufas aos pés da cama quase morreram com o susto, arrepiaram suas pelúcias e esconderam-se apavoradas.  Seus pés tocaram o chão e ambos sentiram-se... gelados. E lá se foi Andreia, vestindo a camisola dada pela sua avó, transpassando e respirando o ar da manhã e bastante surpresa com a novidade. Pelo corredor, as paredes perguntavam aos quadros nelas pregados, o que estaria fazendo acordada tão cedo. O medo do diferente tomava toda casa. Todos tentavam uma explicação para o absurdo daquela manhã. Andreia caminhou pelo corredor estreito e mal iluminado. Procurava a porta da rua, mas a chave se escondia atrás do pinguim de geladeira. Seus pais com o barulho causado pelos inusitados passos se levantaram e foram correndo ver o que estava acontecendo, mas já havia encontrado a chave fujona e destrancado o portão  que durante muito tempo lhe escondera a visão de qualquer horizonte e  apresentava a seus virgens olhos azuis o negro viril do asfalto. O sol a contemplava serena e lhe exibia seu desprezo de rei.  Nunca mais voltou depois daquela manhã.  Seus pais resolveram trancar a porta de seu quarto para sempre. Tiraram de dentro dele somente as lembranças que guardaram no fundo de seus corações. Tirando-as de lá apenas nos dias em que a saudade aparecesse para fazer sua incomoda visita. Hoje, nem a polícia mais procura por Andreia. É como se ela nunca tivesse existido. No interior de seu quarto nem sua cama, aparelho de som, livros e cds se lembram dela, porque afinal, seus pais tiraram-lhes as lembranças e deixaram  em seu lugar somente a companhia insólita do tédio, que não quer saber mais de ir embora.

João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.




sexta-feira, 3 de maio de 2013

Bambix em São Carlos - 25 anos de estrada


A noite de terça-feira em São Carlos, véspera de feriado do dia do trabalho,  foi de muito punk rock e hardcore. A ideia a princípio era que todos  fôssemos de van para Sanca, mas as circunstâncias fizeram com que passássemos para o plano B e todos fomos de carro curtir a volta da banda holandesa Bambix ao interior de São Paulo . Lembro-me da banda por aqui há 10 anos na cidade de  Ribeirão Preto.
Eduardo Porto - Casa Fora do Eixo de Sanca
Partimos de Ribeirão  em dois carros, escalaram-me no carro que seria ocupado pelos irmãos e integrantes da banda Go Out, Tadeu e Túlio,  o vocalista dessa mesma banda, Dú e o motorista e proprietário do carango. Topo. A viagem foi animadíssima e o papo constante nos mais de 100km que separam as duas cidades. Os demais integrantes da banda e respectivas esposas viajaram no segundo carro.
Gostei de conhecer o espaço em que se realizaria o evento. Não se trata apenas de uma Casa de Shows. É também um espaço  de cultura, arte e gastronomia. Fica a dica para que conheçam e visitem porque não irão se arrepender. Puta lugar massa esse Gig – comida, música e arte. Taí a page pra saberem mais: https://www.facebook.com/Letsgig

A primeira banda a se apresentar foi a Mentelibre. Banda da casa e de amigos que conheci na Casa Fora do Eixo de Sanca, quando toquei no ano passado com a PPA de Serrana. Massa demais a apresentação. Gosto muito do formato power trio e sou fã incondicional de  punk rock. Na sequência foi a vez dos Brothers da Go Out. Foi a primeira vez que os vi com o novo batera. Portuga nas baquetas e a banda toda fizeram uma ótima apresentação que foi aprovada por todos os presentes. Os caras estão no segundo EP e vêm em uma crescente de sons novos e apresentações muito boas.
Eduardo Porto - Casa Fora do Eixo de Sanca

Eis que o momento que todos esperavam finalmente chegou. O Bambix estava para começar a tocar. Eu fumava um cigarro quando ouvi os primeiros acordes. Deixei -o pela metade e corri para a muvuca. Surpreendente a performance dos holandenses.  O rock é mesmo rejuvenescedor. São 25 anos de estrada e Wick ainda é uma adolescente quando está com sua guitarra em punho. Sensacional a performance de todos os integrantes.

Por fim, após tamanha explosão de energia só nos restava  dar um até breve aos amigos,  mais algumas cervejas e muita conversa fiada no caminho de volta pra casa.



João Francisco Aguiar é um dos editores do âncora zine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A TROCA


Tudo fazia sentido até então,
Cada coisa no seu lugar e todas as outras em sua perfeita desordem
Vida seca e útil, sem coração e sem esperanças,
E como esperar? Com a delicadeza de um mamute?
a vontade inconsequente de ver o sangue nos olhos de todos
Revoltas, amargos, ruínas de nada,
Grandes nomes, grandes títulos, grandes porcarias.
Quem não se importa, não se ilude.

Porém, as belas formas da mais linda flor
Surgiu aos olhos firmes
a beleza e sutileza são grandes armas
e ferem mais que o aço,
Aquela beleza e aquela magnitude
Trouxe exatamente o desnecessário,
a ilusão.

Aqueles olhos secos encharcaram ao ver todas as cores e formas
Mas aquela flor o iludir de vida
Apesar de verdadeira nas palavras
Ela fez que aquele coração tivesse a esperança a o cercar
Oh! tende piedade!
As flores nascem para quem?
Para o orgulho da vida?
Aquela flor, cortou-me o peito ao meio
Ela me refez, me lapidou, transformou até o mais insignificante pensamento

a ela toda dedicação
a ela toda felicidade
nada mais de seco e nem de útil
O arco iris aparecer a brilhar no céu
acompanhando a flor e a maldição do medo
Meses de esperança e cores
Mas, pra quem já viu verdadeiramente a flor sabe da sua delicadeza

e aquela nasceu no solo seco da ruindade
suas raízes a envenenaram
sua fonte de vida a entorpeceu
a mim ficou a esperança de vida
a flor ficou na minha amargura e a flor fechou os olhos
são os jogos e as trocas
a mim veio a vida a ela a morte
a mim veio a ilusão e a esperança
a ela a certeza do pior

o sentimento dói, amargar o melhor doce
a flor secou e os olhos molharam
a ela dedicação e cuidados
preciso dela para poder enxergar a cor dos raios do sol
a mim precaução,
mamutes não sabem cuidar de flores
sento a beira da janela e olho sem aquela mesma estrela
que me pede pra esperar
a flor existe e precisa de ajuda
Força e fé!
foi isso que ela me ensinou e foi tudo o que me restou.

Elaine Caun - 25/04/2013



Elaine Caun, amiga que me foi apresentada por Danilo, vulgo Ratão, baixista da banda Corvo de Vidro. Integrou o Movimento Garrafão Underground e é uma entusiasta do som independente em Ribeirão Preto. É formada em História e faz parte da Academia de letras de Ribeirão Preto.




segunda-feira, 25 de março de 2013

Entrevista com o escritor Marco Buzetto sobre seu novo livro - "Rebeca - alguns não pecam por nada".


Taí, a primeira entrevista que realizamos em 2013. Esperamos realizar mais entrevistas nesse ano para compensar 2012 em que não fizemos nenhuma. A ideia é trazer sempre entrevistas com pessoas ligadas a cena independente, seja literária, musical, circense, política...o foco será sempre o "faça você mesmo". Para dar o ponta-pé inicial convocamos o amigo, Marco Buzetto da cidade de Monte Alto. Boa leitura, marujos!!!


1. Esse livro foi cercado de todo um suspense e propaganda bem legais. De onde partiu essa idéia?
Marco: Na verdade, todo o suspense aconteceu em duas partes. Primeiro, por conta de um ano de amadurecimento na gaveta, depois de já estar pronto. Ou seja, permaneceu 2012 inteiro na gaveta, para lançar apenas em 2013. Em segundo lugar, por conta disso tudo, resolvi fazer este trabalho fenomenal de marketing em cima da proposta do livro, e de toda mística e sensualidade envolvidas.

2. Quem é Rebeca?
Marco: Isso eu não posso revelar, assim de cara. Não posso dizer quem é a garota da capa. Mas, nos agradecimentos, no final do livro, tem uma bela dica. Prefiro dizer que Rebeca são todas as mulheres... e alguns homens também, por que não?!

3. Qual a expectativa para o lançamento do livro?
Marco: O livro recebeu um reconhecimento muito grande, que grande parte dele eu realmente não esperava. Antes da publicação já havia sido um sucesso, e agora ainda mais. Faremos lançamentos em várias cidades no interior paulista, e também em outros estados.

4. Fale sobre a cena literária de sua cidade? Como é?
Marco: Incrivelmente, uma das grandes frentes culturais em Monte Alto é a literatura. Segundo a última pesquisa que realizei junto a outro escritor, Monte Alto possui cerca de 7 escritores com publicação. Porém, este número cai bastante quando perguntamos se estão ativos ou inativos. Mas, para uma cidade com menos de 50 mil habitantes, acredito que Monte Alto possui um potencial literário fortíssimo. Possuo dois livros oficialmente publicados, outro escritor aqui, Mozzambani, está em seu quarto livro... As coisas vão muito bem.

5. Houve mudanças no seu estilo de escrever do último livro pra esse?
Marco: Essencialmente, não. Minha base para a literatura é a filosofia. Sempre preferi livros de filosofia a livros de literatura simples. Então, a base é a mesma em todos. Crítica social, cultural, filosófica, sexual, e por aí vai. Talvez eu tenha aumentado um pouco os palavrões, um pouco (risos).

6. Quais suas influências literárias?
Marco: Gostou muito de Dostoievski, Sartre, Nietzsche, Schopenhauer, entre outros europeus. Eles tem muita bagagem cultural para literatura. O Brasil também. João Ubaldo Ribeiro; Ferreira Gullar e tal. Mas, aqui, prefiro ler autores independentes. Acho muito mais justo.

7. Para aproveitar a oportunidade, fale-nos sobre suas outras atividades. Incluindo aquela sua banda que me falou uma vez.
Marco: Possuo dois projetos musicais. Um, o Ancestral Darkness, com uma pegada atmosférica, sem vocal, baseado em sintetizadores. Foram dois eps, em 2003 e 2006. Agora estou com o Aske, que é mais cru, guitarra e bateria apenas, com vocal. Claro que a base filosófica e literária se deita com a música nesse caso.
Sou gestor do Ponto de Leitura Culturama Letras, que é um projeto itinerante de biblioteca. Estamos com cerca de 500 livros disponíveis ao público. Um projeto em parceria com o Ministério da Cultura e o Consórcio Intermunicipal Culturando. Ativismo cultural, como sempre, realizando atividades coletivas pela cidade. Muita coisa ao mesmo boa ao mesmo tempo. Nos intervalos de tudo isso eu respiro, como e vou ao banheiro; mas é jogo rápido (risos).

8. Seu livro é indicado para quais leitores?
Marco: Rebeca é um livro “considerado” adulto. Porém, não vejo problema algum em qualquer leitor, independente da idade, lê-lo. Pois, a compreensão depende muito de cada indivíduo. Faço café filosófico e palestras sobre para alunos de segundos e terceiros anos, entre 15 e 17 anos, e nunca me preocupei, pois o jovem hoje possui uma noção crítica sobre o mundo e sobre si mesmos muito maior da que tínhamos na mesma idade.

9. E a educação? Ainda leciona e acredita na educação em nosso país?
Marco: Definitivamente não! Não acredito no sistema de educação brasileiro; não da maneira que é ainda hoje. E não critico apenas o sistema público. As instituições particulares também possuem déficits muito grande em matéria de educação e comprometimento para com a formação social dos alunos. Estou afastado das salas de aula desde 2012. Não sei quando pretendo voltar. Mas, minhas aulas sempre foram diferenciadas, mais atuais e próximas dos alunos. Sei que preferem assim, pois é melhor para eles.

10. Por fim, obrigado por participar do Âncora. Escreva o que achar que deve nas próximas linhas. Grande abraço!!!
Marco: Obrigado pela entrevista, João, você sempre foi um grande parceiro. Continue em frente, pois os caminhos se cruzam quando as quantidades são pequenas.
Aos leitores, contemplem a leitura independente e os autores locais. Sei que por todo canto existem ótimos autores.
A todos que trabalham e produzem cultura de alguma forma, deixem de ser egoístas. Consumam o que é do outro também. Sua obra não é a única, tampouco a melhor.
Forte abraço a todos.
Let’s rock!

Escritor, Historiador, Filósofo, Educador. Manifestante cultural. Fomentador da crítica e da dúvida acima de qualquer suspeita. E, porque não, suspeito acima de qualquer suspeita.