segunda-feira, 25 de março de 2013

Entrevista com o escritor Marco Buzetto sobre seu novo livro - "Rebeca - alguns não pecam por nada".


Taí, a primeira entrevista que realizamos em 2013. Esperamos realizar mais entrevistas nesse ano para compensar 2012 em que não fizemos nenhuma. A ideia é trazer sempre entrevistas com pessoas ligadas a cena independente, seja literária, musical, circense, política...o foco será sempre o "faça você mesmo". Para dar o ponta-pé inicial convocamos o amigo, Marco Buzetto da cidade de Monte Alto. Boa leitura, marujos!!!


1. Esse livro foi cercado de todo um suspense e propaganda bem legais. De onde partiu essa idéia?
Marco: Na verdade, todo o suspense aconteceu em duas partes. Primeiro, por conta de um ano de amadurecimento na gaveta, depois de já estar pronto. Ou seja, permaneceu 2012 inteiro na gaveta, para lançar apenas em 2013. Em segundo lugar, por conta disso tudo, resolvi fazer este trabalho fenomenal de marketing em cima da proposta do livro, e de toda mística e sensualidade envolvidas.

2. Quem é Rebeca?
Marco: Isso eu não posso revelar, assim de cara. Não posso dizer quem é a garota da capa. Mas, nos agradecimentos, no final do livro, tem uma bela dica. Prefiro dizer que Rebeca são todas as mulheres... e alguns homens também, por que não?!

3. Qual a expectativa para o lançamento do livro?
Marco: O livro recebeu um reconhecimento muito grande, que grande parte dele eu realmente não esperava. Antes da publicação já havia sido um sucesso, e agora ainda mais. Faremos lançamentos em várias cidades no interior paulista, e também em outros estados.

4. Fale sobre a cena literária de sua cidade? Como é?
Marco: Incrivelmente, uma das grandes frentes culturais em Monte Alto é a literatura. Segundo a última pesquisa que realizei junto a outro escritor, Monte Alto possui cerca de 7 escritores com publicação. Porém, este número cai bastante quando perguntamos se estão ativos ou inativos. Mas, para uma cidade com menos de 50 mil habitantes, acredito que Monte Alto possui um potencial literário fortíssimo. Possuo dois livros oficialmente publicados, outro escritor aqui, Mozzambani, está em seu quarto livro... As coisas vão muito bem.

5. Houve mudanças no seu estilo de escrever do último livro pra esse?
Marco: Essencialmente, não. Minha base para a literatura é a filosofia. Sempre preferi livros de filosofia a livros de literatura simples. Então, a base é a mesma em todos. Crítica social, cultural, filosófica, sexual, e por aí vai. Talvez eu tenha aumentado um pouco os palavrões, um pouco (risos).

6. Quais suas influências literárias?
Marco: Gostou muito de Dostoievski, Sartre, Nietzsche, Schopenhauer, entre outros europeus. Eles tem muita bagagem cultural para literatura. O Brasil também. João Ubaldo Ribeiro; Ferreira Gullar e tal. Mas, aqui, prefiro ler autores independentes. Acho muito mais justo.

7. Para aproveitar a oportunidade, fale-nos sobre suas outras atividades. Incluindo aquela sua banda que me falou uma vez.
Marco: Possuo dois projetos musicais. Um, o Ancestral Darkness, com uma pegada atmosférica, sem vocal, baseado em sintetizadores. Foram dois eps, em 2003 e 2006. Agora estou com o Aske, que é mais cru, guitarra e bateria apenas, com vocal. Claro que a base filosófica e literária se deita com a música nesse caso.
Sou gestor do Ponto de Leitura Culturama Letras, que é um projeto itinerante de biblioteca. Estamos com cerca de 500 livros disponíveis ao público. Um projeto em parceria com o Ministério da Cultura e o Consórcio Intermunicipal Culturando. Ativismo cultural, como sempre, realizando atividades coletivas pela cidade. Muita coisa ao mesmo boa ao mesmo tempo. Nos intervalos de tudo isso eu respiro, como e vou ao banheiro; mas é jogo rápido (risos).

8. Seu livro é indicado para quais leitores?
Marco: Rebeca é um livro “considerado” adulto. Porém, não vejo problema algum em qualquer leitor, independente da idade, lê-lo. Pois, a compreensão depende muito de cada indivíduo. Faço café filosófico e palestras sobre para alunos de segundos e terceiros anos, entre 15 e 17 anos, e nunca me preocupei, pois o jovem hoje possui uma noção crítica sobre o mundo e sobre si mesmos muito maior da que tínhamos na mesma idade.

9. E a educação? Ainda leciona e acredita na educação em nosso país?
Marco: Definitivamente não! Não acredito no sistema de educação brasileiro; não da maneira que é ainda hoje. E não critico apenas o sistema público. As instituições particulares também possuem déficits muito grande em matéria de educação e comprometimento para com a formação social dos alunos. Estou afastado das salas de aula desde 2012. Não sei quando pretendo voltar. Mas, minhas aulas sempre foram diferenciadas, mais atuais e próximas dos alunos. Sei que preferem assim, pois é melhor para eles.

10. Por fim, obrigado por participar do Âncora. Escreva o que achar que deve nas próximas linhas. Grande abraço!!!
Marco: Obrigado pela entrevista, João, você sempre foi um grande parceiro. Continue em frente, pois os caminhos se cruzam quando as quantidades são pequenas.
Aos leitores, contemplem a leitura independente e os autores locais. Sei que por todo canto existem ótimos autores.
A todos que trabalham e produzem cultura de alguma forma, deixem de ser egoístas. Consumam o que é do outro também. Sua obra não é a única, tampouco a melhor.
Forte abraço a todos.
Let’s rock!

Escritor, Historiador, Filósofo, Educador. Manifestante cultural. Fomentador da crítica e da dúvida acima de qualquer suspeita. E, porque não, suspeito acima de qualquer suspeita.

sexta-feira, 15 de março de 2013



esquenta não...
é só o fogão,
não fala nada não...
é só o celular,
...
...fica triste não,
nada disso tem valor,
e se amanhã forem te entrevistar,
não chore,
e não diga oque foi perdido,
enxugue as lágrimas,
e diga que nem tudo está perdido,
... pois o amor ainda está contigo"._

Ricardo Pedroso

"Nascido em São Paulo, criado no interior... Aprendi a amar a poesia ao descobrir que eu era capaz de cria-la sem que alguém tivesse me ensinado as regras, e só depois fui descobrir que elas não existiam aos treze anos de idade transformei tudo isso em virtude. E para você que também acredita em seus sonhos... seja bem vindo. Esse é o meu mundo."

segunda-feira, 4 de março de 2013

Ribeirão gritou no Domingão



 O último dia de Grito Rock, realizado na UGT em Ribeirão Preto foi sensacional como não poderia deixar de ser. Foram cinco bandas,  uma intervenção muito animada do grupo zibaldone e a  interação da Cia. Teatros de Riscos.
A primeira banda a tocar foi a Dias Mortos  da cidade de Serrana que também gritou no dia anterior na praça matriz com teatro, cinema, batalha e bandas. A influência dos caras é o hardcore dos anos 90, velocidade, viradas excelentes de bateria,  e letras “tocantes”. Muito bom o som.  
                                     foto: Coletivo fuligem 
Na sequência os mineiros de Santa Rita do Sapucaí hipnotizaram a todos. Tupi Balboa  é uma banda  que usa de diversas influências em seu som e faz bem isso. Todos na banda dominam muito bem seus instrumentos e se divertem enquanto tocam. O power trio de fato apresentou um experimentalismo coeso entre sons de rock, baião e funk e com muita brasilidade a começar pela calça do baixista em um tom, digamos, tropical.
Antes da pausa para um cigarro e cervejinha fomos surpreendidos pela     intervenção do grupo Zibaldoni  de ribeirão Preto e a sua arte do palhaço. Impossível não se divertir com a performance dos caras. Na sequência foi a vez da Miss Lane tocar. Pra quem não se lembra a banda conseguiu essa vaga após participar de uma seletiva em que foi classificada    com a banda Sociopatas que se apresentou em Serrana no dia anterior, ambas conseguiram se classificar pelo voto dos presentes no evento. A apresentação dos caras não foi diferente da Seletiva  e arrepiaram novamente com o seu instrumental lisérgico. O que desviou um pouco a atenção da banda foi a presença de pessoas com roupas de praia que começavam a se aglomerar a frente do palco até que todos caíram uns sobre outros. Tratava-se de uma interação da Cia. Teatros de Riscos.
Curitiba também se fez presente no domingão de ribeirão Preto com a criatividade e improvisos da banda Black Cherry Jazz-Rock que impressionou e arrepiou o público. 
Para fechar com chave de ouro o Grito Rock 2013, os caras da Leptospirose tremeram literalmente o palco da UGT. Era a banda pela qual muitos esperavam ansiosamente e não demorou muito para que uma roda se formasse em frente ao palco. Pernas, cabeças e braços se misturavam ao som que pulsava das caixas.  Para mim, ver Leptospirose ao vivo, foi voltar ao anos 90 em que ouvi muitos daqueles sons em fitinha cassete.  Após tocarem,  subi para auxiliar o batera que guardava seus pratos. Ele então me disse, “cara, esse som aqui em ribeirão foi o melhor do mês. Foi o melhor fim de semana que tivemos. Foi demais!!! Valeu!!”


 João Francisco Aguiar é um dos editores do âncorazine e desse blog. É professor, conhecido por seus alunos e colegas de trabalho como jofra, baterista da banda Corvo de Vidro. Não acredita em processos de mudança, e sim na ruptura como mudança do real. Se não está satisfeito com o pano de fundo de sua vida, não mude a si mesmo troque o pano, mude de amigos, de cidade e até de planeta se conseguir. Para ele a imaginação supera a razão.


sexta-feira, 1 de março de 2013

Tudo o que é sólido se desmancha no ar


Rio de Janeiro, 23 de março de 1971.

Debruçado na janela do terceiro andar, vejo os carros que passam pela rua. Cai sobre o asfalto uma chuva suave, típica do verão carioca, apesar de ter se passado dois dias do início do outono. Minha mente não deixa de pensar nela enquanto uma brisa suave golpeia meu rosto trazendo as recordações; uma análise rápida do que se passou. Ah, meus amigos, nós éramos felizes. Formávamos um belo casal. um tanto quanto exótico, porém simétrico. – Simetria, que palavra engraçada! Repito na minha cabeça, divagando por um instante. Lembro de outras palavras pronunciadas com tanta verdade e das promessas feitas com tanta certeza. Lembro, também, dos apelidos idiotas, os quais nos tratávamos com tanto carinho. Hoje nos tratamos apenas por senhora e senhor. Antes costumávamos nos amar, mas o amor de outrora simplesmente desmanchou-se no ar, juntamente com as palavras, as promessas e os apelidos. Isso mesmo meus amigos, também fui pego de surpresa. Hoje o que nos resta são dois corpos vazios que costumavam preencher um ao outro. Hoje o que sobrou são corações em luto. Penso nisso tudo no tempo de um cigarro. Relacionamentos são como cigarros: tudo está bem quando desfrutamos de seus prazeres fugazes, mas no fim, nada mais são do que fumaça, desvanecendo-se lentamente no ar.



Bruno Francia Carvalho é graduado em História pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), pretenso vocalista, apaixonado por leitura, cinema, literatura, história da arte e outras coisas afins. Atualmente leciona como professor (na rede particular e estadual) e tem muito apreço pela escrita independente tanto de poesias, como de textos aleatórios que falam sobre o âmago de quem os escreve. Atualmente mantém um blog independente cujo conteúdo revela seus pensamentos; com o mero intuito de revelar para o público ideias particulares de uma pessoa comum que, como todo mundo, sofre de amores e ódios e tenta expressar isso em palavras