Taí, a primeira entrevista que realizamos em 2013. Esperamos realizar mais entrevistas nesse ano para compensar 2012 em que não fizemos nenhuma. A ideia é trazer sempre entrevistas com pessoas ligadas a cena independente, seja literária, musical, circense, política...o foco será sempre o "faça você mesmo". Para dar o ponta-pé inicial convocamos o amigo, Marco Buzetto da cidade de Monte Alto. Boa leitura, marujos!!!
1. Esse livro foi cercado de todo um suspense e propaganda bem legais.
De onde partiu essa idéia?
Marco: Na verdade, todo o suspense aconteceu em duas partes.
Primeiro, por conta de um ano de amadurecimento na gaveta, depois de já estar
pronto. Ou seja, permaneceu 2012 inteiro na gaveta, para lançar apenas em 2013.
Em segundo lugar, por conta disso tudo, resolvi fazer este trabalho fenomenal
de marketing em cima da proposta do livro, e de toda mística e sensualidade
envolvidas.
2. Quem é Rebeca?
Marco: Isso eu não posso revelar, assim de cara. Não posso dizer
quem é a garota da capa. Mas, nos agradecimentos, no final do livro, tem uma
bela dica. Prefiro dizer que Rebeca são todas as mulheres... e alguns homens
também, por que não?!
3. Qual a expectativa para o lançamento do livro?
Marco: O livro recebeu um reconhecimento muito grande, que grande
parte dele eu realmente não esperava. Antes da publicação já havia sido um
sucesso, e agora ainda mais. Faremos lançamentos em várias cidades no interior
paulista, e também em outros estados.
4. Fale sobre a cena literária de sua cidade? Como é?
Marco: Incrivelmente, uma das grandes frentes culturais em Monte Alto é a
literatura. Segundo a última pesquisa que realizei junto a outro escritor,
Monte Alto possui cerca de 7 escritores com publicação. Porém, este número cai
bastante quando perguntamos se estão ativos ou inativos. Mas, para uma cidade
com menos de 50 mil habitantes, acredito que Monte Alto possui um potencial
literário fortíssimo. Possuo dois livros oficialmente publicados, outro
escritor aqui, Mozzambani, está em seu quarto livro... As coisas vão muito bem.
5. Houve mudanças no seu estilo de escrever do último livro pra esse?
Marco: Essencialmente, não. Minha base para a literatura é a
filosofia. Sempre preferi livros de filosofia a livros de literatura simples.
Então, a base é a mesma em
todos. Crítica social, cultural, filosófica, sexual, e por aí
vai. Talvez eu tenha aumentado um pouco os palavrões, um pouco (risos).
6. Quais suas influências literárias?
Marco: Gostou muito de Dostoievski, Sartre, Nietzsche, Schopenhauer,
entre outros europeus. Eles tem muita bagagem cultural para literatura. O
Brasil também. João Ubaldo Ribeiro; Ferreira Gullar e tal. Mas, aqui, prefiro
ler autores independentes. Acho muito mais justo.
7. Para aproveitar a oportunidade, fale-nos sobre suas outras
atividades. Incluindo aquela sua
banda que me falou uma vez.
Marco: Possuo dois projetos musicais. Um, o Ancestral Darkness, com
uma pegada atmosférica, sem vocal, baseado em sintetizadores. Foram
dois eps, em 2003 e 2006. Agora estou com o Aske, que é mais cru, guitarra e
bateria apenas, com vocal. Claro que a base filosófica e literária se deita com
a música nesse caso.
Sou gestor do Ponto de Leitura
Culturama Letras, que é um projeto itinerante de biblioteca. Estamos com cerca
de 500 livros disponíveis ao público. Um projeto em parceria com o Ministério
da Cultura e o Consórcio Intermunicipal Culturando. Ativismo cultural, como
sempre, realizando atividades coletivas pela cidade. Muita coisa ao mesmo boa
ao mesmo tempo. Nos intervalos de tudo isso eu respiro, como e vou ao banheiro;
mas é jogo rápido (risos).
8. Seu livro é indicado para quais leitores?
Marco: Rebeca é um livro “considerado” adulto. Porém, não vejo
problema algum em qualquer leitor, independente da idade, lê-lo. Pois, a
compreensão depende muito de cada indivíduo. Faço café filosófico e palestras
sobre para alunos de segundos e terceiros anos, entre 15 e 17 anos, e nunca me
preocupei, pois o jovem hoje possui uma noção crítica sobre o mundo e sobre si
mesmos muito maior da que tínhamos na mesma idade.
9. E a educação? Ainda leciona e acredita na educação em nosso país?
Marco: Definitivamente não! Não acredito no sistema de educação
brasileiro; não da maneira que é ainda hoje. E não critico apenas o sistema
público. As instituições particulares também possuem déficits muito grande em
matéria de educação e comprometimento para com a formação social dos alunos.
Estou afastado das salas de aula desde 2012. Não sei quando pretendo voltar. Mas,
minhas aulas sempre foram diferenciadas, mais atuais e próximas dos alunos. Sei
que preferem assim, pois é melhor para eles.
10. Por fim, obrigado por participar do Âncora. Escreva o que achar que
deve nas próximas linhas. Grande
abraço!!!
Marco: Obrigado pela entrevista, João, você sempre foi um grande
parceiro. Continue em frente, pois os caminhos se cruzam quando as quantidades
são pequenas.
Aos leitores, contemplem a
leitura independente e os autores locais. Sei que por todo canto existem ótimos
autores.
A todos que trabalham e produzem
cultura de alguma forma, deixem de ser egoístas. Consumam o que é do outro
também. Sua obra não é a única, tampouco a melhor.
Forte abraço a todos.
Let’s rock!
Escritor, Historiador, Filósofo, Educador. Manifestante cultural. Fomentador da crítica e da dúvida acima de qualquer suspeita. E, porque não, suspeito acima de qualquer suspeita.