quarta-feira, 21 de maio de 2014


A vida lhe projetou um jogo. Fez um tabuleiro de cores invisíveis aos olhos alheios. Só ela enxergava o cinza azulado que estava alinhado às montanhas que abriam um caminho amarelo diante de um solo sem cor. Era preciso colorir também quando não pudesse ver, regra número um. Início. Entrou em um carro, comeu no restaurante dourado e fumou seus cigarros vermelhos sem medo que chegassem ao fim. Procurar o fim, sem temer, regra número dois. Ao sair na janela, não viu mais carro algum. Mas continuar jogando em qualquer condição, era a regra número três. Entrou na casa marrom ao lado e passou algumas noites sem olhar pro céu, que de azul, não tinha nada. As coisas não precisavam ser das cores que todo mundo vê, regra número quatro.
Então o céu brilhou por dentro, e a fez sair pra ver lá fora a cor de rosa e espinhos que se misturava com o branco da espuma do mar.
Perdeu os sapatos, perdeu sacolas, as toalhas, os lenços, tudo se foi.
E a regra número três se fez mais forte.
O coração batia pedindo por água. Lembrou-se do restaurante dourado, do carro, dos tempos de ouro.
Muitos bens, muitos pertences, bons tempos. Mas naquele exato momento, havia um coração com sede, havia um motivo mais dourado que o restaurante e mais azul que o céu, que de azul não tinha nada, para chegar ao fim.
Amarrou a saia e seguiu em frente, pelo caminho das árvores pretas, que de bonitas, nada tinham. Mas seus olhos enxergavam um degradê, que clareava a cada pedra que lhe furava os pés.
O alaranjado do sol daquela tarde tomou conta do espaço e tempo vividos por ela.
De longe, o lago branco. E seu coração, tão seco, quase morto de sede, pulou do peito pronto pra quebrar as regras, louco pra mergulhar no fim.
Nesse jogo, chamavam o "fim" de outro nome. Estranha palavra, comum entre os homens e pouco praticada.
Ela e seu coração encontraram o amor.
 
Conheci Loren Munhoz em um lapso no mundo virtual quando vi uma publicação de Paul Verlaine em seu Faceboock. Logo pensei: poucas pessoas conhecem esse francês maluco  que teve uma história intensa com Rimbaud. Sugeri que escrevesse algo aqui no blog e aí está.Loren é estudante  de Jornalismo, tem 25 anos e é apaixonada por cinema